Bolsonaro defende viés social para Petrobras e diz que empresa deve lucrar menos

O presidente Jair Bolsonaro (foto) defendeu, nesta quinta-feira, um “viés social” para a Petrobras e afirmou que a empresa deveria lucrar menos.
Durante transmissão nas redes sociais, o mandatário voltou a declarar que uma possível privatização da petroleira entrou no radar do governo. Ele também defendeu uma mudança na política de preços da Petrobras, que atrela o valor dos combustíveis ao mercado internacional.
“Porque se é uma empresa que exerce um monopólio, ela tem que ter seu viés social, no bom sentido. Ninguém quer dinheiro da Petrobras para nada; queremos que a Petrobras não seja deficitária obviamente, invista também em gás -com mais atenção em gás- e não apenas em outras áreas. Então a gente quer uma Petrobras voltada para isso, mas carecemos de mudança de legislação que passa pelo Parlamento”, disse Bolsonaro.
Ele realizou uma breve live nesta quinta antes de embarcar para Roma, onde participa de reunião do G20.
“Repito: ninguém vai quebrar contrato, ninguém vai inventar nada. Mas tem que ser uma empresa que dê um lucro não muito alto como tem dado. Porque além de lucro alto para acionistas, a Petrobras está pagando dívidas bilionárias de assaltos que ocorreram há pouco tempo na empresa”, declarou o presidente.
Com petróleo e combustíveis em alta, a Petrobras registrou lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021 e decidiu dobrar o valor dos dividendos distribuídos aos seus acionistas, que chegarão a R$ 63,4 bilhões no ano.
Com o resultado do trimestre, o lucro acumulado pela companhia em 2021 já soma R$ 75,1 bilhões. Após anunciar a distribuição de R$ 31,6 bilhões ao fim do primeiro semestre, a direção da empresa propôs nesta quinta-feira (28) pagar mais R$ 31,8 bilhões a seus acionistas, o que inclui a União.
Ao sugerir mudança na política de preços da Petrobras, Bolsonaro disse que o governo busca uma alteração legislativa para viabilizar a operação. A informação, porém, é falsa.
“A Petrobras é obrigada a aumentar o preço, porque ela tem que seguir a legislação. Nós estamos aqui tentando buscar uma maneira de mudar a lei nesse sentido”, disse o presidente.
Não há, porém, uma lei que obrigue a Petrobras a reajustar o combustível. O que existe é a política de preços definida pela própria estatal, que desde 2016 acompanha os valores do petróleo no mercado internacional, em dólar. Como o real tem atravessado forte desvalorização frente à moeda americana, isso contribui para o encarecimento dos combustíveis.
“Não é justo, você vive num país em que se paga tudo em real, um país praticamente autossuficiente em petróleo e tem o preço do seu combustível atrelado ao dólar. Realmente ninguém entende isso, mas é coisa que vem de anos, que você tem que buscar maneiras de mudar”, disse Bolsonaro.
Nas últimas semanas, o presidente fez outras declarações sobre uma possível privatização da Petrobras e chegou a defender a criação de um fundo da empresa para estabilizar repasses aos consumidores.
Em 27 de outubro, ele disse que a Petrobras só dá “dor de cabeça ” e disse que a estatal está “prestando serviço para acionistas e ninguém mais”.
“É uma estatal que com todo respeito só me dar dor de cabeça. Nós vamos partir para uma maneira de quebrarmos mais monopólio, quem sabe até botar no radar da privatização”, disse Bolsonaro na ocasião.
Durante entrevista a uma rádio em 25 de outubro, ele afirmou por sua vez que a eventual privatização da petroleira seria uma “complicação enorme”.
“Quando se fala em privatizar a Petrobras, isso entrou no nosso radar. Mas privatizar qualquer empresa não é como alguns pensam, pegar a empresa, colocar na prateleira e amanhã quem dá mais leva embora. É uma complicação enorme, ainda mais quando se fala em combustível”, disse.
Cerca de 10 dias antes, ele declarou ter vontade de privatizar a empresa. (Ricardo Della Coletta e Marianna Holanda – Folhapress)
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