Vale fecha 2021 com o maior lucro da história do Brasil: R$ 121,2 bilhões
Favorecida pelos preços recordes do minério de ferro durante o ano, a Vale fechou 2021 com lucro recorde de R$ 121,2 bilhões, mais de quatro vezes os R$ 26,7 bilhões verificados em 2020. É o maior lucro de uma empresa aberta no país, passando os R$ 106,6 bilhões anunciados pela Petrobras nesta quinta-feira.
Segundo a mineradora, o desempenho de 2021 foi impulsionado pelo aumento de 46,5% no preço de referência do minério com 62% de teor de ferro e por maiores vendas durante o ano, que teve cotações recordes no mercado internacional.
Com o resultado, a Vale propõe o pagamento de US$ 3,5 bilhões (R$ 18 bilhões, pela cotação atual) em dividendos a seus acionistas. A empresa já havia distribuído em 2021 US$ 7,4 bilhões (R$ 37 bilhões), como remuneração pelo desempenho do primeiro semestre.
No balanço, como tem sido costume desde o rompimento da barragem que deixou 277 mortos em 2019, a Vale elenca os esforços para reparação, dizendo que gastou nesses três anos R$ 23 bilhões, incluindo os acordos para indenização individual de 12,8 mil pessoas.
A empresa disse ainda que já concluiu a descaracterização de 7 de suas 30 barragens construídas com o mesmo método usado naquela que se rompeu em Brumadinho, uma exigência legal após a tragédia. Este ano, outras cinco devem ter as obras concluídas e a companhia negocia mais prazo para concluir o restante.
“Estamos percorrendo o caminho para sermos uma das empresas mais seguras e confiáveis do setor e referência na criação e compartilhamento de valor para toda a sociedade”, escreveu o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo no documento divulgado nesta quinta-feira.
No quarto trimestre, a mineradora teve lucro de R$ 29,9 bilhões, alta de 243% em relação ao verificado no mesmo período do ano anterior.
Em 2021, a empresa vendeu minério de ferro pelo preço médio de US$ 104,5 por tonelada (R$ 534), 30,8% acima do verificado em 2020. No segundo trimestre, puxada da elevada demanda chinesa, a cotação ultrapassou pela primeira vez na história a barreira dos US$ 200 (R$ 1.020).
No ano, a Vale produziu 315,6 milhões de toneladas de minério, alta de 5,1% em relação ao verificado em 2020, reflexo da retomada de operações paralisadas após o desastre de Brumadinho e do maior apetite do mercado.
Com maiores vendas e preços melhores, a mineradora fechou 2021 com receita de R$ 293,5 bilhões, alta de 42,4% em relação a 2020. O Ebitda, indicador que mede o fluxo de caixa, subiu 82,3%, para R$ 168,1 bilhões.
O Ebitda do segmento de minerais ferrosos, principal operação da companhia, fechou o ano em R$ 169,8 bilhões, R$ 59,7 bilhões acima do registrado em 2020.
A Vale reduziu seu endividamento em 8,2% em 2021, chegando ao fim do ano com dívida bruta de US$ 12,2 bilhões (R$ 62 bilhões). Com a dívida controlada e boa geração de caixa, a mineradora tem realizado programas de recompra e cancelamento de ações.
Essas operações têm como objetivo valorizar os papéis em circulação no mercado. Nesta quinta, a empresa aprovou um novo cancelamento, de 133 milhões de ações que estão em sua tesouraria.
Após um período de desaceleração, a cotação internacional do minério voltou a subir esta semana, seguindo movimento verificado nas principais commodities internacionais após o início dos ataques russos à Ucrânia.
No balanço divulgado nesta quinta-feira (24), a Vale não traz referência ao ataque. Em sua avaliação do cenário futuro, diz que as perspectivas para o minério de ferro permanecem positivas diante da recuperação da economia global com a vacinação.
“Acreditamos que a produção de aço global cresça ligeiramente em 2022 à medida que a economia global seja fortalecida pela redução dos gargalos da cadeia de suprimentos, atendendo a demanda reprimida dos últimos anos e aumentando a confiança dos consumidores e empresas”, afirmou.
Por outro lado, a inflação global e o menor crescimento da China podem gerar risco sobre a recuperação. “A longo prazo, a transição de uma economia mais verde exigirá o consumo produtos de minério de ferro de maior qualidade de modo a garantir a redução de emissões.” (Nicola Pamplona – Folhapress/Foto: divulgação)