Utilização de eletroestimuladores requer responsabilidade e o uso consciente é aliado da saúde
Artigo por Renato Marcondes
Há cerca de 15 anos, sou empresário no setor de saúde e bem-estar e tenho acompanhado com uma certa preocupação a disseminação de desafios e brincadeiras com o uso de eletroestimuladores nas redes sociais. Um desses desafios on-line que tem viralizado relaciona o uso de eletroestimuladores e tentativas de beber água enquanto o dispositivo está em funcionamento.
Embora alguns possam considerá-lo apenas uma brincadeira inofensiva, é primordial reconhecer os riscos associados a essa prática. Afinal, estamos lidando com a saúde e a segurança das pessoas.
Há uma questão imprescindível relacionada à segurança desses dispositivos. Eles precisam atender a regulações e especificações da Anvisa e do Inmetro. No caso dos eletroestimuladores que estão no nosso portfólio, eles precisam estar em consonância com a Portaria INMETRO nº 384.
Não se pode ignorar ainda o fato de que muitos desses dispositivos vendidos em lojas físicas e no comércio eletrônico não são regulamentados pelas autoridades competentes, como a Anvisa e o Inmetro. Isso significa que não há garantia sobre sua segurança e eficácia, colocando os usuários em risco.
Minha preocupação vai além do entretenimento momentâneo proporcionado pelos desafios nas redes sociais. É fundamental compreender que os eletroestimuladores têm um propósito sério: oferecer alívio da dor, fortalecimento muscular e outros benefícios terapêuticos. No entanto, quando são utilizados de forma irresponsável, esses dispositivos podem causar danos sérios à saúde.
É importante destacar que, para conseguir os efeitos desejados, o consumidor também precisa assumir a responsabilidade de utilizar produtos certificados, seguir as orientações de uso adequadas e consultar profissionais da saúde.
Em empresas socialmente responsáveis e éticas, os produtos dessa categoria passam por todos os processos de certificação necessários, como os estabelecidos pela Anvisa e pelo Inmetro, garantindo sua segurança e eficácia. No entanto, nem todos os dispositivos disponíveis no mercado podem oferecer o mesmo nível de garantia.
Respeitar as normas e regulamentações estabelecidas pelos órgãos reguladores é condição sine qua non. Não se trata apenas de cumprir obrigações legais, mas garantir a segurança dos consumidores e a qualidade dos produtos. Afinal, produtos ilegais e não regulamentados representam não apenas um risco para a saúde, mas também são nocivos para a economia do país.
Como empresário, reconheço que seguir as normas e obter as licenças necessárias pode ser, muitas vezes, um desafio, especialmente em um cenário de burocracia excessiva. No entanto, essas medidas são essenciais para proteger os consumidores e promover um ambiente de negócios justo e seguro. Somente assim, é possível garantir o desenvolvimento sustentável do mercado e a confiança dos consumidores.
Então, é necessário encarar a questão dos eletroestimuladores com seriedade e responsabilidade. Não se pode permitir que o fascínio das redes sociais coloque em segundo plano os verdadeiros propósitos desses dispositivos e dos riscos envolvidos quando há evidências de uso inadequado. A sociedade precisa estar comprometida com a conscientização sobre esse assunto e incentivar práticas seguras e responsáveis.
RENATO MARCONDES CARVALHO é administrador pela FGV e sócio da Relaxmedic, responsável pela administração financeira, planejamento estratégico, planejamento tributário, bem como desenvolvimento de produtos, questões regulatórias Anvisa/ Inmetro, desenvolvimento de marca, negociação com fornecedores internacionais. Foi também Treasury Head trader em instituição financeira multinacional.
Foto: ASCOM/Divulgação
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