TSE rebate em série 18 alegações de Bolsonaro feitas sem provas contra urna eletrônica
Além de usar o Twitter para desmentir em tempo real os relatos contra o sistema eleitoral feitos pelo presidente Jair Bolsonaro, Secretaria de Comunicação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) compilou uma série de links e rebateu18 alegações apresentadas pelo mandatário durante a live desta quinta-feira.
A lista divulgada traz questões que foram levantadas por Bolsonaro seguidas de textos publicados no portal do TSE nos últimos anos que comprovam serem falsos vídeos e boatos que circularam nas redes sociais questionando a segurança das eleições.
Em um dos links, o TSE responde a um dos vídeos transmitidos na live que buscava passar a mensagem de que é possível fraudar o código-fonte das urnas para computar o voto de um candidato para o outro candidato.
“Uma urna eletrônica real não é tão simples nem desprotegida como aquela apresentada no vídeo. Além disso, há meios de auditoria para se verificar se os softwares e firmwares executados na urna contêm algum mecanismo malicioso, como o exposto no vídeo. Há também todo um conjunto de procedimentos, que impede a recepção de resultados ilegítimos provenientes de eventuais equipamentos clonados ou gerados por softwares ilegítimos”, explicou o TSE.
O tribunal também desmentiu publicações mostradas pelo presidente de que urnas autocompletavam votos a favor de Fernando Haddad, então candidato pelo PT à Presidência em 2018.
Segundo o TSE, avaliação de peritos em edição comprovou que um desses vídeos era falso. “Além disso, no momento em que o primeiro número é apertado, o teclado da urna não aparece por completo, o que sugere que outra pessoa teria digitado o restante do voto. É possível, ainda, constatar, no programa de edição, o ruído de dois cliques simultâneos, o que reforça essa tese. É importante enfatizar que não existe a possibilidade de a urna autocompletar o voto do eleitor, e isso pode ser comprovado pela auditoria de votação paralela”, explicou.
Sobre uma planilha apresentada por Bolsonaro para provar que Aécio Neves (PSDB) venceu as eleições contra Dilma Rousseff (PT), em 2014, o TSE disse que ela não corresponde aos dados oficiais, minuto a minuto, e que desconhece a origem das informações divulgadas.
Bolsonaro argumentou que, na apuração do segundo turno, Aécio e Dilma apareceram intercalados na liderança de votos recebidos por mais de 200 minutos. O TSE diz que a informação é falsa e que “houve apenas uma única inversão nas colocações entre os dois candidatos, ocorrida às 19h32 e que pode ser verificada na planilha oficial”.
O presidente também apresentou um vídeo que levantava suspeitas sobre as eleições municipais realizadas em Caxias (MA) em 2008. Em relação a esse caso, o tribunal compartilhou um texto no qual diz que a Polícia Federal periciou as urnas eletrônicas utilizadas naquela eleição e que, ao todo, foram verificados dez equipamentos que supostamente teriam sido violados no primeiro turno do pleito.
Porém, o laudo técnico produzido pela corporação concluiu que não foram identificados sinais de violação física dos lacres que envolviam os aparelhos.
“No documento, a PF descartou as hipóteses de instalação de softwares fraudulentos e de adulteração dos programas autenticados pelo TSE. Também não foram encontrados arquivos contaminados por vírus nas urnas eletrônicas examinadas pela instituição”, diz o texto.
Outra fala de Bolsonaro rebatida pelo TSE foi a de que a contagem dos votos seria feita em uma “sala secreta”. Na publicação, o tribunal explica que “em verdade, a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação”.
O TSE ainda abordou a afirmação de que o sistema eleitoral brasileiro somente é usado no Butão e em Bangladesh.
Os textos enviados pelo tribunal, porém, tratam de alegações que circulam na internet dando conta de que o sistema brasileiro só se replicaria em Cuba e na Venezuela. E afirmam que, “de acordo com o Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral Internacional (Idea) – uma organização intergovernamental que apoia democracias sustentáveis em todo o mundo e que conta com 34 países-membros, como Suíça, Portugal, Noruega, Austrália e Canadá, além do Brasil -, o voto eletrônico é adotado por pelo menos 46 nações. Sete agências de checagem confirmaram que essa informação é confiável.”
Em junho, reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que Brasil, Bangladesh e Butão são os únicos países que adotam a votação por urna eletrônica sem registro em papel em larga escala em eleições nacionais. (Washington Luiz – Folhapress)