Transição energética impulsiona industrialização verde e atrai investimentos ao Brasil, aponta especialista

Transição energética impulsiona industrialização verde e atrai investimentos ao Brasil, aponta especialista

Por Bárbara Souza

A transição energética tem se consolidado como um dos principais motores do crescimento econômico no Brasil, atraindo investimentos em renováveis e tecnologias limpas, enquanto o país busca equilibrar segurança energética e competitividade global. Segundo Elise Calixto, sócia do FAS Advogados especializada em energia, o Brasil está se tornando um polo estratégico para projetos em hidrogênio verde, armazenamento de energia e biocombustíveis avançados, alinhando-se às demandas internacionais por sustentabilidade.

De acordo com a International Energy Agency (IEA), o Brasil é um dos dez maiores mercados globais de energia renovável, com mais de 80% de sua matriz elétrica proveniente de fontes limpas, principalmente hidrelétrica, eólica e solar. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) projeta que a capacidade instalada de energia solar deve ultrapassar 45 GW até 2025, consolidando o país como líder na região.

Elise Calixto destaca que, embora as fontes tradicionais ainda sejam importantes para a segurança energética, a expansão das renováveis fortalece cadeias produtivas mais sofisticadas. “Essa transformação abre espaço para cadeias produtivas mais limpas, sofisticadas e alinhadas às exigências de mercados globais, fortalecendo a competitividade do setor”, afirma.

Desafios para estabilidade de preços e inflação

Um dos principais riscos para o setor é a volatilidade dos preços da energia, que pode pressionar a inflação. Em 2021, a crise hídrica elevou a conta de luz em mais de 20%, segundo o IBGE, contribuindo para o IPCA daquele ano. Calixto alerta que políticas de subsídios mal estruturadas podem agravar desequilíbrios fiscais.”O caminho é o planejamento integrado e do uso inteligente de contratos e mecanismos de mercado para mitigar riscos”, explica. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem investido em fontes complementares, como termelétricas a gás natural e biomassa, para garantir estabilidade.

Elise Calixto, sócia do FAS Advogados especializada em energia /Foto: Divulgação

Investimentos estrangeiros em energia limpa impulsionam PIB e balança comercial

Dados do Banco Central mostram que os investimentos estrangeiros diretos (IED) no setor de energia atingiram US$ 9,8 bilhões em 2023, com destaque para eólicas e solares. A BloombergNEF aponta que o Brasil está entre os cinco países mais atrativos para energias renováveis, atrás apenas de China, EUA, Alemanha e Reino Unido.

“O Brasil está no radar global como destino estratégico para investimentos em energia limpa, principalmente por seu potencial natural e a maturidade regulatória. Isso não só melhora a balança comercial com exportações de commodities verdes e créditos de carbono, como também acelera o PIB via geração de empregos e inovação tecnológica em projetos sustentáveis”, afirma Calixto. 

Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o setor já responde por mais de 30 mil empregos diretos e indiretos.

Infraestrutura e licenciamento ainda são gargalos

Apesar do avanço, Elise aponta que o país enfrenta desafios em licenciamento ambiental e conexão de projetos à rede. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) estima que mais de 100 GW em projetos renováveis aguardam aprovação.

“Para garantir o abastecimento diante do crescimento industrial e da eletrificação da economia, também é fundamental destravar através de políticas públicas bem desenhadas, incentivando novas tecnologias que aumentem a eficiência, a potência e a flexibilidade da matriz, tornando o sistema mais resiliente e preparado para o crescimento.”, conclui Calixto. 

O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou medidas para agilizar leilões e linhas de transmissão, mas especialistas defendem maior coordenação entre governos e iniciativa privada.

Enquanto o Brasil avança na transição energética, o equilíbrio entre inovação, segurança e preços acessíveis será crucial para sustentar o crescimento econômico nos próximos anos.

Foto: Ricardo Botelho / MME

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