Transição energética despertou senso de urgência para investimentos em projetos de mineração no Brasil

Transição energética despertou senso de urgência para investimentos em projetos de mineração no Brasil
Por Agência Minera – Estadão Conteúdo

Executivos de empresas aptas para abertura de capital no país destacam investimentos com recursos próprios, diversificação e aposta na transição energética como estratégias bem sucedidas de suas empresas

O último painel do Invest Mining Summit mostrou empresas aptas para abertura de capital no país. Moderado pelo superintendente da B3 Leonardo Resende, o debate reuniu o presidente da Itaminas, Thiago Toscano; o presidente da Galvani Fertilizantes, Marcelo Silvestre; o diretor de Operações da Ionic Lithium, Paulo Misk, e o diretor da Appian Capital, Luciano Cardoso.

Os executivos fizeram breves apresentações, contando um pouco da trajetória das empresas, e o bem sucedido caminho que os permitiu atrair investidores para ampliar seus negócios. Thiago Toscano, da Itaminas, destacou o processo de descarbonização do Quadrilátero Ferrífero como um atrativo importante, além do histórico da empresa.

“A Itaminas era uma empresa de padrão familiar. Depois passou por uma aquisição, e se tornou uma empresa única. Tem licença para produzir 15,5 milhões de toneladas/ano, e hoje produz de 6,5 a 7 milhões. Ou seja, temos 9 milhões licenciados, aguardando o plano de investimentos para colocar em marcha. E já estamos fazendo investimentos com recursos próprios. É a segunda maior licença do Quadrilátero Ferrífero”, disse ele.

Marcelo Silvestre, da Galvani Fertilizantes, contou que a empresa trabalha com potássio e fosfato. A empresa, tem mais de 50 anos de experiência no setor e produz 700 mil toneladas/ano. “Já desenhamos e projetamos alguns sistemas de mineração ao longo do tempo. Esse é o nosso histórico, de muito conhecimento, tanto na mineração como em fábrica de fertilizantes”, contou.

De acordo com ele, a governança da empresa é muito bem estabelecida O conselho de administração possui membros independentes, com três comitês de assessoramento.
“A Galvani é 100% brasileira, nascida numa família de três irmãos, mas toda diretoria é de mercado. Temos valores como inovação e transparência, isso já faz parte do nosso dia a dia, e uma agenda de ESG muito consolidada”.

Braço social e parcerias

O braço social da empresa, o Instituto Lina Galvani, já beneficiou mais de 30 mil famílias. E desenvolve um trabalho de parceria muito forte com os clientes na área de reflorestamento. Outro ponto a ser destacado, de acordo com ele, é o mercado de fertilizantes. “Temos uma crescente demanda, porque o mercado em 20 anos cresceu quase 300%, o que nos trouxe uma vantagem competitiva muito grande na produtividade”.

Ele explica que, quando se produz fertilizantes no Brasil, tem a vantagem de entender o cliente e fazer um produto especifico para ele. “E outra vantagem é a condição natural do Brasil, que tem muito sol, terra e água”. Isso tudo propicia projetar o plano de crescimento da empresa.

“Vamos expandir as operações atuais para chegar à produção de 1,3 milhão de toneladas/ano em 2026. É um projeto complexo, de capital intensivo, com investimentos na ordem de R$ 1 bilhão. Precisamos de opções de capital para financiar o projeto o quanto antes”, explica.

O diretor de Operações da Ionic Lithium, Paulo Misk, disse que a empresa, listada no Canadá, atua na exploração de lítio. Em 2,5 anos de atuação no Norte de Minas Gerais com o Projeto Salinas, foram identificadas reservas superiores a 66 milhões de toneladas.

“Além desse recurso extraordinário, desenvolvemos um projeto de mina subterrânea, com previsão de 1,3 milhão de toneladas/ano”, afirma. O diretor explica que, mesmo numa época de preço baixo do mercado de lítio, é um projeto que sobrevive em todas as fases do mercado.

“Esperamos receber a licença ambiental em novembro de 2024 para poder implementar o projeto Bandeira. Nossa expectativa é de começar a produzir no ultimo trimestre de 2026”, diz o executivo.

Misk diz que o mercado do lítio se mostra muito atrativo para quem quer investir. “A falta do produto atualmente mostra que esse é o momento de fazer o portifólio e aproveitar as oportunidades. A estimativa para daqui a dois anos é a melhor possível. O mercado está muito favorável ao investidor, e o capital brasileiro deve aproveitar essa onda”

Complexidade

Diretor da Appian Capital, um fundo londrino criado para gerenciar portifólios na América Latina, Luciano Cardoso explica que a empresa passou de uma simples investidora para investidora-operadora. “A mineração é mais complexa do que outros negócios. Se tiver que investir muito dinheiro, que seja em pesquisa mineral. Por isso,
Quando a gente passou a operar, investimos forte em pesquisa mineral. Além disso, formamos um time técnico de primeira linha para acompanhar no pulso, porque é muito diferente”.

A Appian tem um projeto de níquel na Bahiae atua também na exploração de cobre e grafite. Na ponta da pirâmide da mineração, ele destaca a importância de uma atuação impecável em ESG é fundamental, pois gera “percepção de valor para a sociedade”.

A mais recente investida da empresa são plantas para geração de energia fotovoltaica. “A Appia vem evoluindo, passamos a ser investidores operadores, e caminhamos para a transição energética. É importante que esse mercado amadureça rápido, com senso de urgência”, define

Minerais críticos

Respondendo à pergunta do moderador Leonardo Resende sobre como capta recursos atualmente, Toscano, da Itaminas, disse que a descarbonização abre portas com investidores. Silvestre, da Galvani, disse que a empresa já vem se preparando, investindo nos projetos com recursos próprios. “O que a gente tem trabalhado é a questão das debêntures incentivadas e projetos de transição energética. Estamos vendo a questão dos minerais críticos com muito bons olhos”, afirma.

Paulo Misk, da Ionic Lithium, diz que vender projeto bom é mais fácil. “Por isso somos muito confiantes, mesmo com o lítio no preço atual. Nossa estratégia é atrair investimento estratégico, e captar U$ 100 milhões”. Outra via de financiamento é o BNDES. “O que dificulta para a junior companie é que ela não tem ativo real. Mas a parceria com o investidor estratégico vai permitir trilhar esse caminho”, diz ele.

Foto: Pexels

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