Tiros atingem helicóptero em que viajava presidente da Colômbia
O helicóptero em que viajava o presidente da Colômbia, Iván Duque (foto), foi atacado por tiros de fuzil na província do Norte de Santander, na tarde desta sexta-feira. Pelo menos seis disparos atingiram a aeronave, mas ninguém ficou ferido.
O mandatário estava viajando de Sardinata em direção a Cúcuta –a principal cidade da região, na fronteira com a Venezuela– quando o veículo foi alvejado. Duque estava acompanhado de Diego Molano, ministro da Defesa, Daniel Palacios, ministro do Interior, e o governador de Norte de Santander, Silvano Serrano.
Em pronunciamento curto transmitido pelas redes sociais, o presidente colombiano disse que todos estavam bem. “Não vamos nos acorvadar com a violência e com atos de terrorismo”, afirmou. “Dei ordens para irem atrás dos que estão por trás deste atentado.”
No Twitter, escreveu que “a Colômbia e suas instituições sempre derrotarão os criminosos”. “Hoje mais do que nunca seguimos trabalhando com todo o amor pela Colômbia e venceremos os violentos”.
O governo argentino condenou a ação com uma nota. “A chancelaria argentina expressa sua mais enérgica condenação ao atentado sofrido na tarde de hoje pelo helicóptero em que se deslocava o presidente da República da Colômbia, Iván Duque”, diz. “Em solidariedade com o povo e o governo da Colômbia, nosso país reitera seu mais firme rechaço ao uso da violência.”
Horas depois do ataque à comitiva presidencial, a imprensa colombiana mostrou imagens do helicóptero com as marcas dos tiros na fuselagem rompida. Duque e os ministros estavam na região para apresentar planos de revitalização econômica e social dias depois de um ataque a um quartel do Exército.
Na ação em 15 de junho, dois veículos explodiram dentro das instalações da base militar em Cúcuta. À época, Molano afirmou que se tratou de uma ação terrorista, embora o ataque não tenha sido reivindicado por nenhum grupo.
Segundo o ministro, 36 pessoas ficaram feridas, sendo 3 com certa gravidade –não houve mortos. Um dos veículos usados foi uma camionete branca, conduzida por dois homens que se passaram por militares, afirmou o ministro.
À rede Caracol de televisão o general Marco Evangelista Pinto, da segunda divisão do Exército, afirmou que os veículos estavam dentro do quartel, mas próximo ao portão de entrada e longe de áreas mais movimentadas, como os dormitórios de soldados.
A base usada pela 30ª Brigada do Exército, no bairro de San Rafael, é a mais importante desta zona da fronteira entre Colômbia e Venezuela, pois dali são coordenadas ações contra grupos ilegais.
Altamente militarizada de ambos os lados, a região da divisa da Colômbia com Venezuela tem sido palco de enfrentamentos entre grupos criminosos locais, guerrilhas e suas dissidências. Apesar do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), os militares do país continuam a enfrentar combatentes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e gangues e ex-integrantes das Farc que rejeitam o pacto –todos eles atuam na província de Norte de Santander, onde a 30ª brigada opera.
Segundo o ministro da Defesa, a hipótese inicial da investigação é a de que o ELN seja responsável pelo ataque. O envolvimento de dissidentes das Farc também é investigado.
Além da importância militar, a região é um dos principais pontos de saída de refugiados da Venezuela e tem grande importância geopolítica. No local também as famosas “trochas”, pelas quais passam contrabando de drogas, combustível e outros bens.
A ditadura de Nicolás Maduro acusa Duque de infiltrar por ali “agentes desestabilizadores”, supostamente enviados pelos EUA, para atacar o governo venezuelano. Já o presidente colombiano considera que Maduro abriga grupos criminosos e dissidências de guerrilhas colombianas apenas para desestabilizar sua autoridade na região.
A Colômbia enfrenta, há quase dois meses, uma onda de protestos contra o governo que já deixaram ao menos 63 mortos, incluindo dois policiais. Em resposta, Duque anunciou um conjunto de medidas para modernizar o Ministério da Defesa e promover a “transformação integral” da polícia. (Sylvia Colombo – Folhapress)