Tecnologia e Personalização: como os seguros de saúde estão se transformando

Por Bárbara Souza
A saúde suplementar está passando por uma revolução, impulsionada pela tecnologia e pelas mudanças trazidas pela pandemia de COVID-19. Telemedicina, inteligência artificial (IA), wearables e planos personalizados estão moldando um novo cenário para operadoras, corretores e beneficiários. Em entrevista ao Diário do Acionista, o corretor de seguros Mickael Lazarotti analisa essas tendências e os desafios do setor.
Uma delas é a telemedicina, que ganhou força durante a pandemia e veio para ficar. Segundo Lazarotti, ela cumpre um papel essencial no primeiro atendimento, reduzindo custos para as operadoras e evitando deslocamentos desnecessários.
“A telemedicina se tornou uma solução para redução de custos, já que a operação é mais barata. Além disso, minimiza idas a consultas presenciais, o que gera um enorme custo para as operadoras”, explica.
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que, em 2021, mais de 2,5 milhões de atendimentos foram realizados via telemedicina no Brasil, um aumento de 1.300% em relação a 2020.
Além disso, algumas operadoras estão adotando monitoramento preventivo, especialmente para idosos, com ligações periódicas para acompanhar a saúde dos beneficiários e evitar internações – que representam um dos maiores custos do setor.
Planos Mais Acessíveis e Customizáveis
Com o aumento dos custos na saúde suplementar, Lazarotti destaca o surgimento de planos mais enxutos, como os exclusivamente ambulatoriais (com apenas 24 horas de internação) ou apenas hospitalares.
“Planos com coparticipação, seguros de vida com utilização em vida e telemedicina se tornaram opções viáveis para o consumidor”, afirma.
Segundo a ANS, em 2023, 34% dos novos planos contratados tinham coparticipação, um aumento de 15% em relação a 2019. Essa modalidade ajuda a equilibrar a sinistralidade, que subiu durante a pandemia.
Inteligência Artificial: Um Caminho em Evolução
Apesar do avanço da tecnologia, Lazarotti avalia que o uso de IA ainda é incipiente no setor.
“A inteligência artificial está sendo usada de forma superficial, mais para vendas e monitoramento de sinistralidade. É um investimento caro e de longo prazo”, pondera.
No entanto, um estudo da McKinsey aponta que, até 2025, 40% das operadoras globais devem incorporar IA em processos como triagem de pacientes e análise de dados clínicos.
Os Desafios da Pandemia e as Mudanças Permanentes
A COVID-19 trouxe desafios significativos, como a necessidade de ampliar leitos e cumprir exigências regulatórias.
“O maior desafio foi garantir atendimento dentro do Rol da ANS e ainda gerar lucro”, diz Lazarotti.
Entre as mudanças que vieram para ficar, ele cita:
- Telemedicina
- Planos com coparticipação
- Seguros de vida com uso em vida
- Planos ambulatoriais e hospitalares separados
Além disso, ele defende maior competitividade no mercado. “Ainda há muita concentração, o que reduz a concorrência e a inovação”, observa.
Além disso, Mickael aponta que a pandemia elevou a demanda por saúde mental, pressionando as operadoras.“Terapias não médicas, como psicoterapia e fonoaudiologia, além de internações psiquiátricas, se tornaram grandes custos”, explica.
Dados da OMS indicam que os casos de ansiedade e depressão aumentaram 25% no mundo após a pandemia. No Brasil, algumas operadoras respondem a isso com:
- Carências para terapias
- Coparticipação parcial
- Perícias para avaliar riscos
“Muitos contratos de crianças e adolescentes têm mensalidades próximas ao custo de apenas quatro sessões de psicoterapia. Como a operadora lucra nesse cenário?”, questiona Lazarotti.
A saúde suplementar está se adaptando a um novo normal, com mais tecnologia, personalização e foco em prevenção. Ainda há desafios, como a incorporação de medicina personalizada e saúde digital, mas o caminho é de evolução.
“O futuro está em planos customizáveis, que atendam à necessidade do beneficiário e sejam financeiramente viáveis”, finaliza Lazarotti.
Com a regulamentação da ANS e a pressão por inovação, o setor deve continuar se transformando nos próximos anos, buscando equilíbrio entre custos, tecnologia e qualidade no atendimento.
Foto: Pexels
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