Sem Cookies e com IA: como será a Nova Era no Marketing Digital?
Por Fabricio Macias, CEO da Macfor
À medida que nos aproximamos do segundo semestre de 2024, o cenário do marketing digital apresenta um panorama rico em transformações e desafios, especialmente no que tange à adaptação a um ambiente cada vez mais destituído de cookies e ao avanço contínuo das ferramentas de inteligência artificial (IA) na análise de dados. Este período de transição exige uma reinvenção das estratégias para manter a conexão com o consumidor, ao mesmo tempo em que oferece oportunidades inovadoras para crescimento e engajamento.
Com a progressiva eliminação dos cookies de terceiros pelos navegadores mais populares, as empresas se veem compelidas a repensar suas abordagens de coleta e análise de dados. A necessidade de adaptar-se a um cenário cookieless não apenas impulsiona a busca por novas tecnologias, mas também reforça a importância de estratégias mais centradas no usuário, que respeitem sua privacidade e ofereçam conteúdos genuinamente relevantes.
Neste contexto, a IA surge como uma aliada indispensável, capacitando as empresas a extrair insights mais profundos a partir dos dados disponíveis e a prever tendências de consumo com maior precisão. A implementação de ferramentas de análise de dados baseadas em IA promete revolucionar a forma como as organizações interagem com seus públicos, possibilitando uma personalização sem precedentes nas experiências de consumo.
Entretanto, em meio à crescente digitalização e ao uso intensivo de tecnologias, emerge uma tendência contraintuitiva, mas fundamental: a valorização do conteúdo criado por humanos. Em um mundo saturado de interações digitais e automatizadas, o conteúdo autêntico e criativo, que ressoa com as experiências e emoções humanas, ganha um destaque especial. Essa humanização da comunicação digital não apenas enriquece a experiência do consumidor, mas também estabelece uma conexão mais profunda e significativa entre marcas e públicos.
Essa valorização do conteúdo humano torna-se ainda mais relevante diante da recente iniciativa da Meta, que passará a marcar imagens criadas por IA com a etiqueta “Feita com IA” a partir de maio, destacando a crescente valorização do conteúdo humano. A medida busca equilibrar automação e autenticidade, aumentando a transparência e fortalecendo a confiança dos usuários ao esclarecer a origem do conteúdo. Além disso, a decisão responde a uma demanda por clareza na identificação de conteúdo gerado por IA visando combater a disseminação de desinformação e deep fakes nas redes sociais.
Além disso, a transição para o Google Analytics 4 (GA4) apresenta desafios significativos, como a limitação da retenção de dados históricos a 15 meses, a menos que se invista em soluções dispendiosas como data lakes. Esta restrição pode criar dificuldades consideráveis para quem depende de análises de dados históricos para decisões estratégicas.
No Brasil, apesar dos avanços no setor digital, muitas organizações ainda hesitam em investir adequadamente em coleta, armazenamento e análise de dados. Com a descontinuação do Universal Analytics, as empresas que já enfrentavam dificuldades com o gerenciamento de seus dados encontram-se ainda mais desafiadas.
Portanto, investir em estratégias de gestão de dados mais robustas, que podem incluir a implementação de data lakes ou outras soluções de armazenamento a longo prazo é condição sine qua non. Desenvolver uma forte cultura de dados, onde coleta, análise e interpretação sejam vistas como prioridades estratégicas, é essencial para navegar com sucesso nesta nova era digital.
Devemos nos atentar, ainda, no desenvolvimento das TVs conectadas e no crescimento do público em plataformas de vídeo e streaming que sublinham a importância de adaptar os conteúdos às novas modalidades de consumo. Neste contexto, a criação de vídeos dinâmicos e envolventes torna-se uma prioridade, refletindo a necessidade contínua de inovação para capturar e manter a atenção do consumidor em um mercado cada vez mais competitivo.
Certamente, os próximos meses desafiarão as empresas a navegarem por um cenário digital em constante evolução, onde a combinação de tecnologias avançadas e a valorização do toque humano são chaves para construir uma conexão autêntica e duradoura com o consumidor.
Fabricio Macias é Chief Business Development Officer (CBDO) da Macfor. Publicitário, especialista em Mídias Digitais pela ESPM e pós-graduado em Content Strategy & Copywriting pela UC Davis (Califórnia, EUA). Professor e empreendedor em série, criou sua primeira startup do zero a R$300 milhões em 4 anos, considerada o 6° maior site de compras coletivas no Brasil.
Foto: Divulgação
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