Rodrigo Monteiro é primeiro preto indicado para a diretoria na história do BC
Escolhido pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o comando da área de Fiscalização do Banco Central, Rodrigo Monteiro poderá se tornar o primeiro diretor preto da história da autoridade monetária. A cúpula da instituição já teve pessoas pardas em sua composição histórica.
A escolha por Monteiro, cujo nome foi apresentado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) e ratificado por Lula, está em sintonia com a promessa do governo de trazer mais diversidade para a alta administração.
Nesta terça-feira (21), o presidente assinou o decreto que estabelece cota para pessoas negras em, no mínimo, 30% dos cargos comissionados e de confiança no governo federal, com prazo até o fim de 2025 para alcance da meta.
O critério será de autodeclaração de pretos e pardos, conforme o quesito cor ou raça usado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e que possuem traços fenotípicos que as caracterizem como de cor preta ou parda.
Rodrigo Monteiro, 53, é formado em economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e servidor de carreira, com 28 anos de atuação no BC. Trabalhou nos últimos 18 anos na área de fiscalização, sendo 11 como chefe-adjunto do departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias, sua função atual na sede em Brasília.
Ele é visto pelo governo como conhecedor da área que ficará sob seu comando. Além disso, a escolha é vista como simbólica e se deu em meio à celebração do Dia Internacional contra a Discriminação Racial, em 21 de março.
Havia preocupação por parte dos funcionários que a diretoria de Fiscalização fosse liderada por algum nome do mercado financeiro, podendo gerar conflito de interesse. Monteiro é filiado ao Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), mas não compõe a diretoria da entidade.
“Rodrigo Monteiro reúne todas as condições para exercer suas atribuições da Difis [diretoria de Fiscalização], uma das diretorias mais sensíveis e importantes da autarquia por garantir a estabilidade e a segurança do sistema financeiro brasileiro”, afirmou Fabio Faiad, presidente do Sinal, em nota.
De acordo com a entidade, a área tem como atribuição “supervisionar o cumprimento das normas prudenciais pelas instituições financeiras, analisar e avaliar a qualidade e a confiabilidade das informações fornecidas pelas instituições financeiras, como balanços patrimoniais e demonstrativos de resultados, identificar e monitorar os riscos associados às operações das instituições financeiras, como risco de crédito, risco de mercado e risco operacional”.
Na terça, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que Lula já tinha definido os nomes sugeridos pelo titular da Fazenda e que a indicação formal será feita após a viagem do presidente à China, que começa no dia 25 de março e vai até 1º de abril.
“O Haddad levou os dois nomes, ele [Lula] conversou com os dois, aprovou e vai indicar os dois nomes ao Senado assim que retornar [da China]”, disse Costa, em entrevista à GloboNews.
A lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021, determinou que cabe ao presidente da República a indicação dos nomes para a cúpula do BC. Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Os escolhidos são, então, levados ao plenário para aprovação.
(Nathalia Garcia, Idiana Tomazelli e Danielle Brant – Folhapress /Foto: Antonio Molina/Folhapress)
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