Risco de conflito entre Pequim e Taiwan é o maior já registrado, diz centro de estudos chinês
As tensões no estreito de Taiwan atingiram o ponto em que um risco de conflito é o mais alto já registrado, segundo o China Cross-Strait Academy, um think tank ligado ao governo chinês.
O centro de estudos divulgou um estudo nesta semana, no qual aponta que Taiwan e a China continental estão à beira de uma guerra. O risco de conflito foi apontado como 7,21, em uma escala que vai de -10 a 10. É o maior índice já registrado desde o início da crise entre os dois lados, segundo o jornal SCMP (South China Morning Post).
Baseado em Hong Kong, o China Cross-Strait Academy fez uma análise atual e retroativa das relações entre Pequim e Taiwan, levando em conta fatores como força militar, relações comerciais, opinião pública, eventos políticos e apoio de aliados.
Na década de 1950, nacionalistas chineses que perderam a guerra civil deixaram a China continental e se concentraram em Taiwan. O Estado comunista formado em 1949 considera a ilha como uma província rebelde. Hoje uma democracia, a região tem 23 milhões de habitantes.
Para o think tank, o risco de conflito caiu durante os anos 1970, quando os EUA deixaram de reconhecer Taiwan como governo oficial da China e retomaram relações diplomáticas com Pequim, e voltou a crescer em 2000, quando o Partido Democrático Progressista conquistou o poder na ilha.
O risco subiu ainda mais com a chegada de Donald Trump ao comando dos EUA. Trump teve uma abordagem agressiva com Pequim e buscou se aproximar de Taiwan, e essa proximidade entre taiwaneses e americanos pode aumentar o risco de confronto na região. “Se a tendência atual continuar, a unificação de Taiwan à força [feita por Pequim] será apenas questão de tempo”, disse Lei Xiying, chefe do think tank e membro do Partido Comunista Chinês, segundo o SCMP.
Os EUA, como a maioria dos países, não têm relações diplomáticas formais com Taiwan, mas é um grande vendedor de armas para a ilha. Durante o governo Trump, várias autoridades americanas foram enviadas a Taipé, capital da ilha, o que foi visto como provocação pelos chineses.
Caso a região resolva declarar independência -ou faça gestos claros neste sentido-, isso poderia levar o governo da China continental a uma resposta militar, como uma invasão. Pequenos atritos militares, como a entrada não autorizada de aeronaves e navios estrangeiros em áreas em disputa no mar, ocorrem com grande frequência.
No ano passado, a China apertou o cerco a Hong Kong, território semi autônomo, com uma série de medidas para silenciar vozes críticas e reforçar a lealdade de seus cidadãos ao governo central. Isso gerou a expectativa de que também poderia haver um endurecimento nas relações com Taiwan.(Folhapress)