Prefeito de SP não vai fornecer transporte gratuito para eleitores
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não pretende liberar ônibus de graça para eleitores da capital no dia 30 de outubro, data do segundo turno das eleições.
“Consultei a SPTrans [empresa que faz a gestão dos ônibus na capital] já no primeiro turno e não acham viável. Colocamos 2.000 ônibus a mais do que normalmente circulam aos domingos. Não tivemos problemas no primeiro turno e deve ocorrer assim também no segundo”, disse o prefeito à coluna, por meio de mensagem de WhatsApp.
Na terça (18), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso autorizou administrações municipais e concessionárias de transporte público a fornecerem o transporte gratuitamente, sem que os gestores ficassem sujeitos a acusações de crime eleitoral ou improbidade.
A ideia é garantir às pessoas condições para que exerçam o direito de votar -que, no Brasil, é também uma obrigação.
A abstenção no país é historicamente maior entre pessoas de menor renda e escolaridade, o que é creditado às dificuldades que elas enfrentam para chegarem aos locais de votação.
O preço da passagem de transporte público seria um dos fatores que desestimulariam as pessoas a votar.
Em São Paulo, ela custa R$ 4,40. Para ir e voltar, uma pessoa, sozinha, tem que gastar R$ 8,80. Para uma família numerosa, e vulnerável, o valor gasto pode equivaler e vários dias de alimentação.
A alta abstenção preocupa as campanhas de Lula (PT) e de Fernando Haddad (PT) em São Paulo, já que eles têm mais votos nas regiões mais pobres do país e do estado. Já a campanha de Jair Bolsonaro (PL) aposta na abstenção entre os eleitores de baixa renda para conseguir ultrapassar Lula no dia da votação, ainda que o petista esteja na dianteira nas pesquisas.
O prefeito Ricardo Nunes, que apoia o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo, afirma que o sistema sempre funcionou bem e que nenhuma gestão, incluindo a de Haddad na prefeitura, jamais forneceu transporte gratuito no dia das eleições.
“Nunca houve [passe livre em dias de votação], em nenhuma gestão, seja PSD, PT, PSDB”, disse ele à coluna.
(Mônica Bergamo – Folhapress / Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)