Praça Dignidade vive dia de festa com eleição de Boric 3 anos após onda de protestos

As ruas da região central de Santiago começaram a se encher de apoiadores de Gabriel Boric (foto) tão logo as primeiras parciais da apuração presidencial chilena mostravam vantagem do candidato esquerdista.
Com o ritmo acelerado da contagem e a percepção de que o resultado seria irreversível, muitos se dirigiram na noite de domingo passado em direção à praça Baquedano –também chamada de Dignidade–, caminhando pelas avenidas do centro, próximo ao palco onde o presidente eleito faria o primeiro discurso.
Havia bandeiras do Chile, outras com o nome de Boric e muitas mais com o símbolo dos indígenas mapuche e em referência à diversidade. Ambulantes a poucos metros da praça vendiam bandeiras, bonés e cerveja, embora houvesse quem chegasse ao local trazendo sua própria garrafa de champanhe.
No pedestal da praça, onde antes estava a estátua do general Baquedano, epicentro dos protestos de 2019 e ponto de encontro de festejos políticos diversos, um grupo subiu e começou a juntar diferentes bandeiras. A parte do pedestal que havia sido pintada de branco pelos seguidores de Kast já estava toda retomada com frases de apoio a Boric. “A direita acabou”, afirmava uma delas.
“Não passaram, vencemos, fora fascistas”, gritavam algumas jovens enquanto caminhavam com lenços verdes, um símbolo de apoio ao direito ao aborto. Outros provocavam os policiais que vigiavam o local: “Quero ver reprimirem agora”, diziam aos agentes de segurança alguns rapazes.
Havia cartazes com nomes e fotos de pessoas presas em 2019, acusadas de vandalismo durante os atos, assim como de militantes mapuche detidos. “Liberdade aos presos por lutar”, gritavam os manifestantes.
Vários gritos de guerra foram entoados, entre os quais o famoso “o povo, unido, jamais será vencido”. Houve, ainda, o da campanha, “se sente, se sente, Boric presidente”, assim como não faltaram insultos a Lucía Hiriart, viúva de Pinochet, e ao próprio ditador: “A velha morreu, tão assassina como Pinochet”.
Pais levavam filhos pequenos nos ombros e muitos tiravam selfies com a festa ao fundo. Celebrações similares ocorriam em outros pontos da cidade, como em Ñuñoa, bairro de classe média. Nas regiões mais nobres da cidade, como Las Condes e Vitacura, onde Kast venceu, silêncio.(Sylvia Colômbo – Folhapress)

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