Ômicron faz escolas nos EUA mandarem alunos novamente para casa

A explosão de casos de Covid provocada pela variante Ômicron levou a mais uma onda fechamento de escolas e retorno de estudantes ao ensino remoto nos Estados Unidos. Na Europa, em países como França e Inglaterra, professores temem a volta das aulas presenciais.
Com o aumento de infecções, voltou também o debate sobre os riscos de manter as crianças nas escolas. A maioria dos países, no entanto, tem optado por adotar protocolos mais rígidos e seguir com atividades letivas presenciais neste início de ano.
No Brasil, secretários e gestores de educação rejeitam a possibilidade de um novo fechamento das escolas e afirmam que o calendário letivo está mantido.
Nos Estados Unidos, algumas cidades decidiram que iriam voltar para o ensino remoto na primeira semana deste ano –o calendário letivo é diferente do brasileiro e não há férias em janeiro. A decisão ocorreu, por exemplo, em Atlanta, Detroit, Newark, Milwaukee e Cleveland.
Só nesta primeira semana de 2022, 4.783 escolas americanas estavam com aulas presenciais suspensas. O número de unidades fechadas é maior do que em qualquer outro período do ano passado, segundo levantamento da Burbio, empresa que mapeia a situação das escolas no país.
Apesar do aumento de escolas que voltaram ao ensino remoto, a maioria decidiu manter as atividades presenciais. Em Los Angeles, por exemplo, as unidades vão receber os alunos, mas eles (professores e funcionários) devem apresentar um teste negativo para frequentar as aulas.
O departamento de saúde de Los Angeles estima que até 10% dos alunos ou trabalhadores da educação possam estar com o vírus neste retorno às aulas, após as festas de fim de ano.
A adoção de regras mais rígidas também foi a opção de países da Europa para evitar nova suspensão das aulas. Na Áustria, os alunos e funcionários serão testados três vezes por semana, dentro das próprias escolas. Antes, eram testados apenas uma vez por semana.
Na Inglaterra, o uso de máscara nas escolas voltará a ser obrigatório a todos –a proteção não era mais exigida desde outubro do ano passado. Na Itália, o governo determinou que só podem ser usadas máscaras do tipo PFF2 dentro dos ambientes escolares.
Na Bélgica, todas as escolas devem ter medidores de CO2 (gás carbônico) e montar um plano de testagem nos alunos.
Apesar das medidas mais rígidas, alguns desses países já enfrentam a resistência dos professores que defendem não ser seguro o retorno presencial neste momento. Na França, os sindicatos de docentes, ameaçaram entrar em greve se forem obrigados a voltar para as escolas sem que o governo forneça máscaras de qualidade para todos.
Na Inglaterra, ainda que o governo tenha determinado manter as aulas presenciais, algumas escolas comunicaram o receio de não ter professores em número suficiente para atender os alunos, já que muitos estão doentes e em isolamento.
“Estamos vivendo um novo momento crítico da pandemia em todo o mundo, mas com fatores ainda mais graves no Brasil. Além do aumento de casos como registrado em outros países, nós aqui ainda não iniciamos a vacinação de crianças, temos um apagão de dados da Covid e protocolos de segurança ineficiente nas escolas”, diz Lorena Barberia, pesquisadora do departamento de ciência política da USP e da Rede de Pesquisa Solidária, que vem analisando dados da pandemia em escolas de São Paulo.
Ela destaca que o Brasil não tem nenhum plano de testagem nas escolas, como fazem países da Europa e dos Estados Unidos. Com testes frequentes, seria possível identificar infecções precocemente e evitar a dispersão descontrolada do vírus.
“O controle da pandemia depende de vigilância. A vacina nos ajudou, mas estamos vendo que só ela não vai controlar tudo. É preciso ter testagem para evitar novos surtos.”
Além de não haver nenhum plano de testagem para as escolas, muitas delas ainda seguem protocolos ineficazes e deixam de lado medidas importantes para evitar a contaminação.
Nas escolas estaduais de São Paulo, por exemplo, a medição de temperatura ainda é uma medida obrigatória, ainda que já tenha sido comprovada cientificamente como ineficaz. Já a distribuição de máscaras corretas, como a PFF2, não ocorre.
Em nota, a Secretaria da Educação de São Paulo informou que o início do ano letivo está mantido para 2 de fevereiro, com aulas presenciais e obrigatórias, e diz ter protocolo seguro em todas as escolas. A Prefeitura de São Paulo também disse manter o calendário letivo e que suas unidades irão iniciar as aulas presenciais em 7 de fevereiro. (Isabela Palhares – Folhapress)

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