Nova tempestade de poeira causa estragos e assusta moradores no oeste paulista
Cidades do oeste paulista foram tomadas, no início da tarde desta sexta-feira, por uma tempestade de poeira parecida com a que avançou sobre Franca e Ribeirão Preto, ambas também no interior de São Paulo, no último domingo.
A região foi coberta por uma densa nuvem de poeira acompanhada de rajadas de vento de até 103 km/h, segundo a Defesa Civil, o que causou destelhamentos de imóveis, quedas de árvores e rompimentos de fiações, entre outros estragos que foram registrados nas redes sociais por moradores assustados.
O calçadão de Presidente Prudente (a 556 km da capital), maior cidade da região, ficou tomado de sujeira, com pedaços de galhos de árvores e destroços das fachadas das lojas que foram danificadas pela ventania espalhados pelo chão.
Ainda em Prudente, o aeroporto estadual Adhemar de Barros teve vidraças e parte de sua estrutura danificadas, o que gerou isolamento da sala de desembarque -uma nova área, no entanto, foi adaptada para saída de passageiros e evitou a interrupção dos voos.
No domingo, ventos de até 100 km/h chegaram a arrastar uma aeronave no aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto.
Algumas cidades no oeste paulista registram ainda interrupção no fornecimento de energia elétrica e problemas com telecomunicações. A Energisa Sul-Sudeste, concessionária que atende Prudente e outros 23 municípios da região, disse, em nota, que reforçou suas equipes para reestabelecer o serviço.
Segundo o chefe da Defesa Civil em Prudente, Renato Gouveia, não houve ocorrência com vítima no município até então. Ainda segundo ele, parte dos semáforos na cidade não estão funcionando e o órgão municipal presta auxílio às famílias que tiveram suas casas danificadas.
Coordenador da estação meteorológica da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), que acompanhou o fenômeno em Prudente, o professor Alexandrius Barbosa disse que a ventania se deu após uma frente fria vinda do sul ter encontrado uma massa de ar quente na região, o que gerou instabilidade.
Os ventos fortes suspenderam e carregaram a poeira do solo na região, que vem de um período de seca intensa e baixa umidade. “É um evento típico dessa estação de transição, com o início da primavera”, disse o pesquisador, que previu, ainda, instabilidade no oeste paulista ao menos até domingo (3).
O fenômeno que tem sido registrado no interior de São Paulo é também conhecido como haboob. Ele ocorre quando o ar frio desce em direção ao solo, gerando rajadas de vento em altas velocidades que empurram o ar para baixo e radialmente. Com isso, arrastam a poeira do chão.
A parede de poeira que se ergue pode ter milhares de metros de altura e até 160 quilômetros de largura.” (Paulo Batistella – Folhapress)