Neta de Mussolini é vereadora mais bem votada de Roma
Uma neta do ditador fascista italiano Benito Mussolini, Rachele Mussolini, 47, foi a candidata mais votada para a Câmara Municipal de Roma nas eleições do último final de semana, mostra a apuração de 92% das urnas nesta quarta (6).
Membro do partido de ultradireita Irmãos da Itália, ela obteve mais de 8.200 votos, multiplicando por ao menos 12 a votação que recebeu em 2016, quando obteve seu primeiro mandato como vereadora.
Ela é filha do músico de jazz Romano Mussolini, e tem o mesmo prenome da avó, Rachele Guidi, mulher do ditador italiano.
Ao jornal italiano La Repubblica, a vereadora disse que o resultado se deve a seu trabalho, e não ao sobrenome, que descreveu como “um peso que aprendeu a superar” na infância.
“Na escola costumavam apontar para mim, mas então Rachele apareceu e a pessoa prevaleceu sobre o sobrenome. Tenho muitos amigos na esquerda e tenho certeza que um deles votou em mim”, disse a política.
Também declarou que, na primeira legislatura, desenvolveu relacionamento “excelente” com colegas do Partido Democrata, de centro-esquerda.
Na entrevista, ela não quis falar sobre fascismo. “Para lidar com esse assunto, precisaríamos conversar até amanhã de manhã. Prefiro falar de Roma”, disse ela.
Afirmou porém que seu pai sempre se escandalizou com pessoas que o cumprimentavam com a saudação fascista de braço estendido, chegou a usar um pseudônimo no início da carreira e a educou “para a tolerância”.
Rachele é a segunda integrante da família a ser eleita pelos italianos. Sua meio-irmã Alessandra Mussolini, 58, foi deputada federal, senadora e eurodeputada pelo partido de Berlusconi. As duas, porém, não são próximas, disse a vereadora ao jornal italiano.
Embora tenha fracassado em eleições municipais em Milão, Nápoles e Bolonha, onde a centro-esquerda deve ganhar já no primeiro turno, em Roma a ultradireita está na disputa também pela prefeitura.
Enrico Michelli, candidato do Irmãos da Itália, liderou a primeira rodada eleitoral e deve enfrentar o ex-ministro da Economia, Roberto Gualtieri, de centro-esquerda, nos dias 17 e 18 deste mês.
Michetti tem o apoio de outro partido de direita radical, a Liga, de Matteo Salvini, e do partido de direita Força Itália, de Silvio Berlusconi.
Gualtieri, porém, é tido como o favorito para suceder a atual prefeita Virginia Raggi, do Movimento Cinco Estrelas, que fracassou em sua tentativa de reeleição, em meio a uma crise urbana que provocou até uma “guerra dos javalis”.
O partido Irmãos da Itália, única sigla que não participa da coligação nacional que sustenta o governo do primeiro-ministro Mario Draghi, ganhou espaço entre os eleitores nos últimos anos.
O fato de ter se isolado na oposição é um dos motores desse crescimento, segundo cientistas políticos.
Na média das pesquisas para o Parlamento nacional, aparecia no último dia 3 empatado com o Liga e com o Partido Democrata, todos com 20% das intenções de voto —nesta semana, a centro-esquerda recuperou leve vantagem, segundo levantamento divulgado nesta quarta. ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS)