Michelle compartilha vídeo contra Lula que associa religiões africanas a ‘trevas’ e diz: ‘Isso pode, né?’
A primeira-dama Michelle Bolsonaro compartilhou uma publicação que afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “entregou sua alma para vencer essa eleição”. O texto é acompanhado por um vídeo que exibe encontros do petista com lideranças de religiões de matriz africana.
“Isso pode, né! Eu falar de Deus, não!”, escreveu a esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao compartilhar uma postagem da vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos).
“Não lutamos contra a carne nem o sangue, mas contra os principados e potestades das trevas”, escreveu a parlamentar da cidade de São Paulo, endossada por Michelle.
“O cristão tem que ter a coragem de falar de política hoje, para não ser proibido de falar de Jesus amanhã”, afirmou Sonaira.
O uso dos mesmos vídeos por bolsonaristas já foi alvo de uma representação feita pela Coalizão Negra por Direitos, que apontou a promoção de discurso de ódio. Em janeiro deste ano, uma dessas peças foi manipulada para sugerir que Lula declarava ter uma relação com o Demônio.
Segundo a Coalizão à época, associações como essas são racistas, extrapolam o limite da liberdade de expressão e têm o objetivo de indignar e gerar ódio.
Como mostrou a Folha, Michelle Bolsonaro tem intensificado sua participação em atos a favor do marido como forma de melhorar a imagem do presidente juntos às mulheres.
A primeira-dama tem recorrido com frequência a discursos religiosos durante esses eventos. Foi assim na convenção que sagrou Bolsonaro candidato pelo PL, há duas semanas.
Na ocasião, ela fez uma fala repleta de referências religiosas e mencionou, mais de uma vez, o atentado a Bolsonaro em 2018, em Juiz de Fora (MG).
A estratégia pode estar tendo efeito nas pesquisas. No último levantamento do Datafolha, o presidente viu crescer sua intenção de votos entre o público feminino, um dos mais vitais e impermeáveis a ele na corrida eleitoral de 2022.
(Mônica Bergamo – Folhapress / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)