Mercado financeiro continua em queda consecutiva com o risco de recessão
O dólar caía frente ao real nos primeiros negócios desta quarta-feira (15), interrompendo sequência de sete ganhos diários consecutivos conforme um rali externo da divisa norte-americana fazia pausa antes da aguardada conclusão da reunião de política monetária do Federal Reserve, em que o banco central deve elevar os juros em 0,75 ponto percentual.
Investidores também aguardavam a decisão de política monetária do Banco Central do Brasil, que deve elevar a taxa Selic a 13,25%, de acordo com a maioria dos participantes do mercado.
Às 9h06 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,74%, a R$ 5,0959 na venda.
Na B3, às 9h06 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,41%, a R$ 5,1210.
O mercado financeiro aprofundou nesta terça-feira (14) o tombo da véspera, sendo dragado pelo sentimento cada vez mais forte de que a inflação mundial está descontrolada e provocará uma alta global de juros capaz de colocar as principais economias à beira da recessão.
Refletindo o ambiente de aversão aos investimentos de risco, o dólar comercial subiu 0,43%, a R$ 5,1350 na venda, renovando a sua maior cotação frente ao real em um mês.
A Bolsa de Valores brasileira chegou à oitava queda consecutiva. O índice de referência Ibovespa perdeu 0,52% nesta sessão, encerrando o dia com a pontuação de 102.063, a mais baixa desde 6 de janeiro.
O mergulho de 9,19% do mercado de ações doméstico desde a última alta, em 2 de junho, tem forte relação com o cenário internacional, embora o governo brasileiro também tenha reforçado a percepção de investidores quanto ao risco fiscal ao colocar em pauta uma proposta de desoneração dos combustíveis.
Na quinta queda consecutiva da Bolsa de Nova York, o indicador de referência S&P 500 cedeu 0,38%, após ter mergulhado 3,88% na sessão anterior.
O índice Dow Jones, que acompanha empresas americanas de grande valor, recuou 0,50%. O Nasdaq, que é focado em companhias médias do setor de tecnologia, subiu 0,18%. A ligeira alta ocorreu, porém, após um tombo de quase 5% na véspera.
O estresse toma conta do mercado financeiro mundial desde a última sexta-feira (10), quando dados da inflação americana vieram acima do esperado, reforçando o sentimento de que autoridades monetárias em todo o mundo terão de acelerar ainda mais suas respectivas taxas de juros.
Essa situação tende a valorizar moedas fortes, sobretudo o dólar, e tirar investimentos de ações de empresas negociadas nas Bolsas.
Nesta quarta-feira (15), o Fomc (comitê de política monetária) do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) concluirá sua reunião de dois dias e informará a sua decisão sobre o ritmo de aumento dos juros no país.
Analistas do mercado de Nova York apostam amplamente em uma elevação de 0,75 ponto percentual, segundo a agência Reuters. Se confirmada, essa será a maior alta em uma reunião do Fed desde 1994.
Esse aumento elevaria a taxa de referência do Fed para o empréstimo diário entre bancos (parâmetro para o setor de crédito em geral) ao valor máximo de 1,5% ao ano. Esse número também é o mais esperado entre analistas consultados pela agência Bloomberg.
Ao continuar nesse passo, o Fed poderá chegar a uma taxa de até 2,5%, em setembro, e de até 3,5% em dezembro. Isso representaria o intervalo mais agressivo de aperto da política monetária americana desde a década de 1980, segundo análise do The Wall Street Journal.
Também nesta quarta, o Copom, comitê responsável por formular a política monetária do Banco Central do Brasil, apresentará sua decisão sobre a taxa básica de juros do país, a Selic. O aumento no custo do crédito nos Estados Unidos tende a afetar a taxa brasileira.
(Folhapress /Foto: Danilo Verpa/Folhapress)