Mercado eleva projeção do PIB para 1,20% em 2022, mostra Focus
Após mais de um mês sem divulgação da pesquisa Focus pelo Banco Central, a projeção mediana dos economistas para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2022 saltou de 0,70% para 1,20%. Já o prognóstico de expansão de 2023 recuou de 1% para 0,76%.
O boletim divulgado nesta segunda-feira (6) mostrou também que as estimativas dos economistas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), em um cenário inflacionário desafiador, passaram de 7,89% para 8,89% em 2022 e subiram de 4,10% para 4,39% em 2023.
O BC não divulgava a pesquisa Focus desde 2 de maio, quando interrompeu a publicação semanal devido à greve dos servidores da autoridade monetária. Os funcionários voltaram a cruzar os braços em 3 de maio por reajuste salarial de 27% e reestruturação de carreira, após trégua de duas semanas, e a paralisação segue por tempo indeterminado.
Em um contexto de deterioração sucessiva das expectativas, o mercado coloca a inflação cada vez mais distante do objetivo de 3,5% perseguido pelo BC neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Isso representaria o segundo estouro consecutivo da meta, que é estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Em 2021, o IPCA somou 10,06%, o maior desde 2015.
A inflação de 2023 também já tem sido colocada acima do centro da meta de 3,25% -com intervalo de tolerância de 1,75% a 4,75% no próximo ano.
A expectativa dos analistas do mercado financeiro para a taxa básica de juros (Selic) ao fim deste ano continua em 13,25%, mesmo patamar divulgado no último levantamento. Houve ajuste para cima na projeção para o patamar dos juros ao fim de 2023, a 9,75%, contra 9,25% anteriormente.
Para o próximo encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), nos dias 14 e 15 junho, o colegiado do BC sinalizou uma provável alta de juros menor do que 1 ponto percentual. No dia 4 de maio, a autoridade monetária elevou a Selic a 12,75% ao ano.
A pesquisa Focus traz estimativas de economistas de mais de cem instituições financeiras sobre diversos indicadores, como atividade econômica, taxa básica de juros, inflação e câmbio. O relatório semanal é uma das referências na tomada de decisão do colegiado do BC.
(Nathalia Garcia – Folhapress /Foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil)