Mercado de seguros no Brasil tem potencial de crescimento, mas enfrenta desafios para ampliar acesso, diz Susep

Apesar do crescimento anual do setor, apenas 20% dos brasileiros possuem seguro; órgão regulador destaca iniciativas para inclusão e inovação.
Por Bárbara Souza
O mercado de seguros no Brasil registra crescimento expressivo ano após ano, mas ainda está longe de atingir seu potencial máximo. De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), em entrevista ao Diário do Acionista, apenas 20% da população brasileira possui algum tipo de cobertura de seguro, indicando um vasto campo de expansão. No entanto, o acesso a esses produtos ainda enfrenta barreiras estruturais e culturais, como falta de educação financeira, linguagem técnica nos contratos e altos custos, que limitam a inclusão de populações de baixa renda.
Em entrevista, a Susep destacou que um de seus principais desafios é ampliar o acesso aos seguros sem comprometer a qualidade dos serviços. Entre as iniciativas para alcançar esse objetivo está o Sandbox Regulatório, ambiente que permite testes de inovações no setor com flexibilização temporária de regras. “A Susep atua como fomentadora da concorrência e do próprio mercado, incentivando soluções que tornem os seguros mais acessíveis e eficientes”, afirmou o órgão.
Inovações e inclusão no mercado segurador
Dentro do Sandbox, as seguradoras têm experimentado tecnologias como Inteligência Artificial (IA) para agilizar processos de sinistro e pagamento de indenizações em segundos. Outras inovações incluem:
- Telemática: uso de dados de direção para recompensar motoristas conscientes;
- Jornadas 100% digitais, com contratos simplificados e linguagem mais acessível;
- Produtos inclusivos, voltados para públicos tradicionalmente excluídos pelas seguradoras convencionais.
Além disso, a Susep criou, no segundo semestre de 2024, o Grupo de Trabalho “Política Nacional de Acesso ao Seguro”, com o objetivo de propor melhorias regulatórias e estratégias para ampliar a inclusão no setor.
Barreiras culturais e econômicas
A Susep ressaltou que a falta de educação financeira é um dos principais obstáculos para a popularização dos seguros no país. “Os contratos costumam ser complexos, o que dificulta a compreensão do consumidor e aumenta sua vulnerabilidade”, explicou. Além disso, muitos produtos não atendem às necessidades de grupos sub-representados, como populações de baixa renda ou com perfis de risco considerados altos pelas seguradoras tradicionais.
“O alto custo dos seguros também os torna inacessíveis para uma parcela significativa da população”, acrescentou a Susep. “É urgente tornar o setor mais inclusivo, transparente e adaptado à realidade dos brasileiros”.
Caminhos para o futuro
Para superar esses desafios, a Susep aposta em uma combinação de regulação inteligente, inovação tecnológica e políticas de inclusão. O Sandbox e o Grupo de Trabalho são passos nessa direção, mas o órgão reconhece que ainda há um longo caminho a percorrer.
“O Brasil tem um mercado segurador em expansão, mas precisamos garantir que esse crescimento seja acompanhado de maior acesso e confiança por parte da população”, concluiu a Susep.
Enquanto isso, seguradoras, reguladores e sociedade civil seguem em busca de soluções que democratizem os seguros, transformando-os em uma ferramenta de proteção financeira para todos os brasileiros.
Foto: Pexels
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