MDB e PSDB admitem retirar nomes de Tebet e Doria por candidatura única
Os presidentes de MDB, União Brasil e PSDB reuniram-se nesta terça-feira (em Brasília e admitiram retirar nomes colocados na disputa pela Presidência para construir uma candidatura única.
O MDB tem a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o PSDB, do governador João Doria (foto) (PSDB-SP). A União Brasil ainda não lançou nenhum nome na disputa.
O encontro desta terça-feira serviu para discutir a formação de uma federação entre os partidos que, se consolidada, significa que as siglas se unirão e deverão agir em conjunto por quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal.
O instrumento facilita a eleição de deputados pelas legendas e aumenta as chances de elas formarem bancadas maiores.
Mesmo que a união formal não seja concretizada, porém, os dirigentes afirmam querer uma aliança em nome de um único nome para disputar a eleição.
“As três candidaturas estão postas aqui submetidas à autoridade desse conjunto de forças políticas”, afirmou o presidente do PSDB, Bruno Araújo.
“As candidaturas são legítimas, mas a partir desse momento, quando todos nós trabalhamos pela convergência de uma candidatura única, elas estão submetidas à autoridade de um consenso construído pelas forças políticas”, continuou.
Araújo afirmou que estava “devidamente autorizado” por Doria a submeter a candidatura do tucano à vontade da eventual federação.
“Demos um passo de maturidade relevante. (Existe) Uma clara disposição dessas forças políticas de construir um projeto para que possamos apresentar uma candidatura que torne viável ao conjunto dessas forças furar o cerco da polarização que não faz bem ao país”, disse Bruno Araújo.
O presidente da União Brasil, Luciano Bivar (PE), afirmou que a reunião serviu para “solidificar as confluências” entre os três partidos, que são maiores que as dificuldades de acordo com o dirigente partidário.
As declarações foram endossadas pelo presidente do MDB, Baleia Rossi. “Nossa ideia é dialogar para buscar no futuro uma união desse centro democrático para dar ao povo brasileiro uma alternativa aos extremos, para essa briga que faz com que o país não de mais oportunidades para população”, disse o emedebista.
Os partidos não definiram quais seriam os critérios para retirada das candidaturas. Segundo os dirigentes, até a primeira quinzena de março será possível avaliar se será possível que os partidos façam a federação. O Cidadania também conversa com o PSDB a respeito de uma união.
“A perspectiva é chegar um entendimento de federação, mas tem a possibilidade de entender que vamos chegar as convenções com a possibilidade de uma candidatura única”, disse o presidente do PSDB.
A ideia é se unir em torno de um nome para torná-lo mais competitivo contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tanto Tebet como Doria, no entanto, ainda patinam nas pesquisas.
A emedebista tem 1% da intenção de votos, segundo pesquisa Datafolha divulgada em dezembro. Já Doria aparecia com 4%.
Embora os três partidos tenham se reunido nesta terça, por ora, as negociações entre MDB e União Brasil estão mais avançadas. Dirigentes de ambas as siglas dizem reservadamente que as duas têm mais convergências do que divergências em palanques estaduais. Os que existem, dizem, seriam solucionáveis.
A negociação entre as duas legendas também é estimulada pela ala da União Brasil que não quer apoiar a candidatura presidencial de Sergio Moro (Podemos) e serve para afastar a sigla do ex-juiz.
Em outra frente, a possibilidade de federação entre MDB e PSDB tem como principal entrave a candidatura de Doria, na avaliação de líderes emedebistas. O partido tem alas favoráveis a Tebet e outras, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não admitiriam apoiar Doria.
Por isso, a senadora busca avançar em território tucano e atrair o partido para uma futura chapa e envia sinais de proximidade política e ideológica com o PSDB.
Paralelamente, tucanos aliados do governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) e críticos à candidatura de Doria defendem que o governador paulista desista da corrida presidencial e abra mão para outro nome da terceira via. Eles não descartam que Leite possa ser esse candidato.
Para isso, contam com a pressão dos aliados MDB e União Brasil. A avaliação é a de que se os partidos criarem um movimento contrário a Doria e até de apoio a Leite, seria difícil para o PSDB segurar a candidatura do paulista.
Os aliados de Leite afirmam ainda que as prévias deram lugar a Doria na mesa de negociação, mas que não necessariamente significam que o PSDB deva ter candidato. Tebet, dizem, pode ser mais palatável para os acordos estaduais em torno da federação.
Durante a campanha de prévias, Doria afirmou que sentaria com os demais partidos para negociar e que poderia abrir mão da sua candidatura, algo de que a maior parte do tucanato duvida.
Além de MDB e União Brasil, o PSDB já aprovou o avanço de uma federação com o Cidadania –aliança que Doria conta como certa, mas que ainda não está consolidada.
A expectativa do governador era a de que o Cidadania aprovasse a federação com o PSDB em reunião do diretório nacional na noite desta terça (15).
Diante do prazo maior concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para as federações, no entanto, a tendência é de que o partido adie essa decisão e avalie também outras opções de alianças.(Julia Chaib, Carolina Linhares e Renato Machado – Folhapress)