Maksoud Plaza fecha as portas após 42 anos de operação em São Paulo

Após 42 anos de funcionamento, o hotel Maksoud Plaza fechou as portas na manhã desta terça-feira. Vendido por R$ 132 milhões para o grupo de logística JSL, o icônico estabelecimento encerra suas operações, deixando cerca 170 funcionários sem emprego, e guardando sob sua estrutura diversas histórias que marcam o cenário cultural paulistano.
Os trabalhadores que ainda atuavam no local foram avisados sobre o fim das atividades do hotel histórico logo nas primeiras horas desta terça. Eles cumprirão contrato até o final de dezembro, quando o prédio será entregue para os empresários Fernando e Jussara Simões, donos do Grupo JSL.
O fechamento do hotel encerra uma disputa de dez anos entre a atual administração e os irmãos Simões, que arremataram o prédio e seu terreno por R$ 70 milhões em leilão realizado em 2011 pela Justiça do Trabalho para pagamento de R$ 13 milhões em dívidas trabalhistas.
O Maksoud é controlado pela empresa de engenharia Hidroservice e administrado pela HM Hotéis. A Hidroservice detém ainda a Manaus Hotéis e Turismo e HSBX Bauru Empreendimentos.
Após o leilão, a holding do hotel contestou a validade da medida e conseguiu retomar o controle do estabelecimento. Agora, as partes entraram em acordo e decidiram encerrar o processo. Com isso, as atividades chegam ao fim.
O grupo ingressou com pedido de recuperação judicial em setembro de 2020. As dívidas somavam mais de R$ 120 milhões. Segundo a HM Hotéis, administradora do Maksoud atualmente, as dívidas nos processos foram reduzidas pela metade e parceladas para pagamento em até 23 anos.
O endividamento fiscal federal total do grupo, avaliado em R$ 400 milhões, foi reduzido em mais de 60% e o saldo remanescente, parcelado em até dez anos. As dívidas trabalhistas serão pagas em até um ano, afirmou a empresa.
A pandemia também atrapalhou as operações do grupo, que viu o prejuízo crescer. Em nota, a HM Hotéis afirma que a suspensão das atividades do local pela primeira vez em sua história, entre março e setembro de 2020, causou prejuízos acima de R$ 20 milhões.
“O fechamento do hotel se dá em momento oportuno, dada a necessidade de reestruturação financeira do grupo ao qual pertence, afetado por dívidas herdadas de empresas extintas, como a própria Hidroservice Engenharia”, diz o texto da administradora. “A HM Hotéis, proprietária do Maksoud Plaza, vinha arcando com os custos deste pesado endividamento herdado das outras empresas.”
Baixas taxas de ocupação e redução no número de eventos teriam prejudicado ainda mais as contas da empresa, segundo a administradora.
Anúncio emocionado
Os funcionários contaram à reportagem do jornal Folha de S.Paulo que o anúncio emocionado do fim do hotel feito nesta terça pelo CEO, Henry Maksoud, surpreendeu os trabalhadores. O prédio agora está sendo desmontado e deve ser entregue até dia 27, sem mobília.
“Apesar do fechamento do Hotel, a HM Hotéis prosseguirá honrando seus compromissos firmados no processo de RJ, assim como arcará com a indenização integral de todos os colaboradores dispensados. Os clientes que tinham reservas futuras no Maksoud Plaza serão reembolsados.”
A administradora divulgou ainda que continuará utilizando a marca Maksoud Plaza em empreendimentos futuros. Localizado próximo à avenida Paulista (região central), o local contava atualmente com 416 apartamentos e já hospedou 3 milhões de pessoas, segundo a administração. Foi o primeiro cinco estrelas da cidade e referência na hospedagem de celebridades e autoridades.
Em sua época áurea, recebeu Rolling Stones, Ray Charles e Frank Sinatra, que em 1981 apresentou-se no salão nobre. O prédio de design arrojado, que inaugurou os primeiros elevadores panorâmicos do país, também hospedou a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margareth Thatcher, e os príncipes de Mônaco, Rainier e Albert. (Suzana Petropouleas – Folhapress)

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