Lula se reúne com Pacheco, que promete defender resultado da eleição
Em almoço com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prometeu que o Congresso Nacional atuará para garantir o respeito e o resultado do processo eleitoral.
Segundo presentes no almoço desta quarta-feira (13), Pacheco afirmou que, na condição de presidente do Congresso, vai reagir diante de qualquer tentativa de ruptura democrática e que vai garantir a posse do ganhador das eleições de outubro.
“Nós todos saímos daqui com a garantia de que o presidente do Congresso Nacional, que, como nós temos dito, é a última ratio [último recurso] de defesa da democracia, dará posse aos eleitos no dia 1° de janeiro”, afirmou o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Pacheco, ainda segundo os presentes, se justificou sobre a declaração da última segunda-feira (11) em que cobrou tanto o petista quanto Jair Bolsonaro (PL) pela escalada de violência política no Brasil, em especial sobre o caso do bolsonarista que assassinou um petista em Foz do Iguaçu (PR).
O presidente do Senado afirmou aos participantes que ele quis destacar na ocasião que os dois são os líderes de maior expressão atualmente, concentrando a maior parte das intenções de voto nas pesquisas -e, portanto, têm um peso importante no controle de seus respectivos eleitorados.
Mas retificou que, na sua opinião, o discurso dos dois não é comparável e que o atual presidente é o principal responsável por espalhar discursos contra seus adversários.
“O presidente do Senado deixou muito claro que, quando mencionou isso, mencionou pelo quilate, pela importância, pelo peso eleitoral que cada um dos concorrentes tem. Não quis dizer, absolutamente, que estavam em graus equivalentes de fomento de apoio ou incitação qualquer à violência”, disse o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria.
Pacheco havia se pronunciado dois dias após o caso. Ele qualificou as cenas de “repugnantes, chocantes, expressão pura, infelizmente, do momento político de muito ódio, de muita intolerância”. “As pessoas estão se matando, matando umas as outras por motivo ideológico, motivo político”, disse na ocasião.
Então, ele também falou sobre a responsabilidade dos líderes políticos. “Especialmente daqueles que disputam a eleição e que têm debaixo de si uma grande militância política, uma aceitação e adeptos no Brasil todo. E me refiro ao presidente Bolsonaro e ao presidente Lula”, disse.
Questões de alianças políticas e apoio na corrida eleitoral, de acordo com os presentes, não foram discutidas durante o encontro.
“Essas coisas de estratégia, de tática eleitoral e de aliança não foram discutidas” afirmou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA).
Estiveram no almoço, além do ex-presidente e do presidente do Senado, senadores da oposição a Bolsonaro; o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB); a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann; e o coordenador político da campanha, Aloizio Mercadante.
Foi a primeira vez que Lula e Pacheco se encontraram pessoalmente.
Segundo interlocutores, petistas já vinham tentando organizar o encontro entre Lula e Pacheco em meio às negociações em Minas Gerais, onde PT e PSD fecharam acordo para lançar o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), ao governo do estado.
Pacheco vinha dizendo que a reunião era institucional -e que, por isso, deveria acontecer na residência oficial do Senado-, mas, apesar disso, o almoço não estava em sua agenda oficial. Em abril, Pacheco também recebeu o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes (PDT).
O encontro entre o senador mineiro e o ex-presidente acontece nesse momento, entre outras coisas, justamente pelo acordo político sobre Minas Gerais ter sido acertado.
A importância do encontro também foi tema de uma conversa entre Lula e o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) na manhã anterior, terça-feira (12). Ele é um dos principais interlocutores de Pacheco no Congresso.
No entendimento de Silveira, o presidente do Senado é um importante aliado na defesa da legitimidade das eleições, constante alvo de ataques de Bolsonaro, e contra a escalada de violência.
Petistas também entendem que Pacheco tem se comportado com uma voz neutra dentro do Congresso e, por isso, é um importante ponto de apoio em meio a um clima eleitoral cada vez mais polarizado pela base do governo.
Pela manhã, Lula se encontrou com deputados federais e senadores aliados no Congresso. Segundo presentes no encontro, ele reproduziu o tom do discurso da noite anterior feito a militantes e pediu que também os políticos evitem cair em provocações de adversários.
Candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin citou os recentes casos de violência política contra petistas -o assassinato do tesoureiro do partido em Foz do Iguaçu, a bomba caseira atirada no Rio de Janeiro e o ataque a drone em Uberlândia (MG)- para incentivar que os aliados enfatizem discursos pacificadores durante a campanha.
Apesar disso, Lula também incentivou que os políticos não deixem de ir às ruas durante a corrida eleitoral e falou da importância de ter uma bancada forte no Congresso para retomar o controle do Orçamento.
O petista vem criticando duramente o que chama de orçamento secreto e de uso eleitoral do dinheiro público por Bolsonaro e aliados do centrão.
(Thaísa Oliveira, João Gabriel, Ranier Bragon e Renato Machado – Folhapress/ Foto: Agif/Folhapress)