Justiça aprova transferência de controle da Rodovias do Tietê a credores
A Justiça homologou nesta quinta-feira plano de recuperação judicial prevendo que cerca de 15,3 mil credores da concessionária Rodovias do Tietê se tornem donos da empresa.
A reestruturação da companhia, que administra 415 quilômetros de estradas em São Paulo, prevê que os controladores vendam suas ações, pelo valor simbólico de R$ 1, para um fundo que será gerido pela Geribá Investimentos.
A seguir, os detentores de debêntures da Rodovias do Tietê deverão trocar seus títulos, que somam cerca de R$ 1,5 bilhão, por participação acionária no fundo.
Eles também terão a opção de trocar o título atual por novos, com pagamento atrelado aos resultados futuros da companhia.
Além disso, os donos das debêntures farão uma nova injeção de capital, no valor de R$ 150 milhões.
Ivan Truzzi, representante da Starboard, que assessorou os debenturistas junto com o escritório Felsberg, diz que a opção pela transferência do controle da empresa se mostrou como a melhor solução após três anos de negociação por dar maior perspectiva de retorno financeiro.
Entre os fatores que motivaram a escolha estão a complexidade de negociar com grande número de credores e a dívida alta da companhia em relação a sua geração de caixa, o que afastava investidores, diz. “Ao desalavancar a empresa, tira-se muito do risco do negócio e torna ela mais atraente para um comprador”, afirma.
A Rodovias do Tietê é controlada atualmente pela Lineas International Holding e pela AB Concessões, do Grupo Bertin, e pela italiana Atlantia.
Em 2013, a companhia se tornou a primeira a emitir debêntures de infraestrutura, com incentivos fiscais para pessoas físicas, o que atraiu um grande número de investidores em seus títulos. A empresa entrou com o pedido de recuperação judicial em 2019.
A transferência de controle da empresa precisa de autorização da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo). Truzzi diz acreditar que a aprovação pode vir em até três meses.
Pelo plano, os créditos da agência seguem preservados e terão prioridade de pagamento em relação aos acionistas –ou seja, os atuais debenturistas. (Filipe Oliveira – Folhapress)