Juros: Taxas longas sobem com exterior e curtas ficam de lado
Por Denise Abarca – Estadão Conteúdo
Os juros futuros de curto prazo encerraram a quinta-feira (16), perto da estabilidade e os longos subiram. O rumo das taxas foi determinado basicamente pelo ambiente externo. Os rendimentos dos Treasuries mostraram avanço moderado em meio a discursos do Federal Reserve. Internamente, o IGP-10 de maio, mesmo no teto das estimativas, e o leilão de prefixados do Tesouro não tiveram força para definir a dinâmica das taxas.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,36%, de 10,34% ontem, e o DI para janeiro de 2026 passava de 10,56% para 10,61%. O DI para janeiro e 2027 tinha taxa de 10,93% (de 10,87% ontem) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,41% (de 11,34%).
Dados de atividade e do mercado de trabalho nos EUA que saíram pela manhã foram para segundo plano depois das declarações de tom mais conservador sobre o comportamento da inflação dadas por membros do Federal Reserve, com destaque para a fala de Loretta Mester. A presidente da distrital de Cleveland disse que será necessário mais tempo para que o Fed tenha ganhe confiança de que a inflação está desacelerando de volta à meta de 2%, após dados “decepcionantes” do primeiro trimestre indicarem uma pausa no processo desinflacionário.
Os retornos dos Treasuries tiveram aumento moderado e os DIs aqui acompanharam, até pela ausência de vetores mais firmes. A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, afirma que a avaliação dos dirigentes do BC americano endossa a ideia de que o cenário da inflação ainda não é confortável. “O CPI que saiu ontem desacelerou, mas a abertura foi ruim. O quadro está longe de ser bom”, afirma.
Entre os fatores locais, a economista ainda vê influência, especialmente na ponta curta, dos efeitos do tom duro da ata do Copom, amplificado pelas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que ontem reforçaram a determinação do Copom em cumprir a meta de inflação de 3%.
Em entrevista à correspondente em Nova York, Aline Bronzati, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, diz que o seu maior incômodo vem da trajetória das expectativas, que estão desancoradas. “Todos os banqueiros centrais olham e falam que a expectativa é importante, porque ela entra na formação de preços”, afirma.
Outro potencial limitador para um maior alívio na política monetária é o cenário fiscal, ainda que o BC destaque não haver relação mecânica. Mais do que a novela da desoneração da folha de pagamentos, cujos projetos devem ser votados no Senado só na próxima semana, a preocupação do investidor é mais ampla. “A sensação é de que com a queda de popularidade em ano eleitoral o governo deve meter o pé no acelerador dos gastos”, afirma Veronese, da B.Side.
A agenda de indicadores trouxe hoje o IGP-10, que subiu 1,08% em maio, após queda de 0,33% em abril, no teto do intervalo das estimativas, mas sem grande impacto sobre as taxas.
No leilão de prefixados, o Tesouro vendeu integralmente os lotes de 9 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e de 1,5 milhão de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F).
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