Investidores temem novo aperto monetário nas principais economias
O dólar avançava frente ao real logo após a abertura desta sexta-feira (21), em linha com o fortalecimento da divisa norte-americana no mercado internacional em meio a temores de aperto monetário nas principais economias e escalada da incerteza política no Reino Unido.
Enquanto isso, no Brasil, investidores monitoravam o noticiário político, com o país prestes a entrar na última semana de campanha antes da eleição presidencial.
Às 9h07 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,57%, a R$ 5,2464 na venda, mas ainda estava a caminho de encerrar a semana bem abaixo da cotação de encerramento da última sexta-feira (14), de R$ 5,3234.
Na B3, às 9h07 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,56%, a R$ 5,2540.
Nesta quinta-feira (20), o dólar fechou o pregão em queda de 1,08%, cotado a R$ 5,2180. O real obteve a maior valorização entre as principais moedas frente a divisa americana.
O mercado de ações brasileiro fechou em alta na quinta, superando o cenário predominantemente negativo no exterior. O Ibovespa avançou 0,77%, aos 117.171 pontos.
Essa alta foi obtida, principalmente, devido à valorização das ações de exportadores de matérias-primas metálicas e de empresas com participação do governo federal.
Estatais ocuparam as primeiras posições entre os melhores desempenhos do Ibovespa. A Petrobras avançou 2,96%, com o maior volume de negociações da sessão, e o Banco do Brasil saltou 4,68%, a maior alta do dia.
Analistas disseram que essas empresas foram beneficiadas pela avaliação de investidores de que o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), cuja visão é considerada mais alinhada à do mercado, passou a ter chances de vencer o segundo turno contra seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a divulgação, na véspera, da mais recente pesquisa Datafolha.
Lula segue à frente de Bolsonaro, marcando 49% dos votos totais, ante 45% do rival. Os candidatos empatam, portanto, no limite da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Brancos e nulos somam 4% e indecisos, 1%.
“O empate técnico das duas candidaturas é o que está trazendo esse ânimo para os ativos locais”, afirmou Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital.
Na pesquisa realizada na semana passada, o petista marcava 49% dos votos totais e o atual presidente, 44%.
“O mercado entendeu que existe agora uma maior probabilidade de Bolsonaro ganhar no segundo turno do que ele tinha, por exemplo, logo após o primeiro turno”, comentou Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos.
Expectativas de alívio nas restrições contra a Covid na China também explicam parte do resultado positivo da Bolsa, já que empresas produtoras de minério de ferro e aço, materiais largamente demandados pelo gigante asiático, ficaram entre as mais valorizadas da sessão. CSN, Usiminas e Vale subiram 3,96%, 2,99% e 1,28%, respectivamente.
Representantes do governo chinês discutem reduzir a quarentena imposta a estrangeiros que chegam ao país, segundo notícia veiculada pela Bloomberg nesta quinta. Atualmente, ao entrar no país, o viajante precisa ficar sete dias em isolamento em um hotel e mais três dias em casa.
Empresas ligadas ao consumo doméstico, que refletem mais as expectativas sobre o rumos da economia do país, tiveram desempenho negativo. Para alguns analistas isso demonstra a preocupação do mercado interno com as expectativas de aumento de gastos públicos diante da postura dos dois candidatos na corrida ao Planalto.
Americanas e Via desabaram 13% e 7%, nessa ordem, também refletindo análises de que o setor de comércio eletrônico apresentará resultados ruins na temporada de balanços do terceiro trimestre.
“Os candidatos vêm falando em aumento de salário, cortes de imposto e isso volta a alertar para a questão do risco fiscal, então, as empresas mais relacionadas com a economia doméstica sofrem mais”, comentou Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos.
Na Europa, houve ligeira recuperação da libra após a renúncia da primeira-ministra britânica, Liz Truss.
A libra esterlina avançou 0,54% contra o dólar, cotada a US$ 1,1231. Durante as seis semanas em que Truss comandou o país, a moeda chegou a atingir mínimas históricas devido à crise de confiança provocada no mercado por um pacote econômico do governo.
(Folhapress /Foto: Diego Padgurschi /Folhapress)