Guedes critica guerra e sanções e defende organizações multilaterais
O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta terça-feira (12) que guerras e sanções econômicas representam uma volta ao passado e defendeu a importância das instituições multilaterais para que seja mantido o grau de civilização alcançado pelo mundo.
“Não podemos mergulhar em um passado de guerras físicas, de sanções econômicas, de interrupções de fluxos de comércio e investimentos”, afirmou.
Para o ministro, o momento de guerra na Ucrânia reforça a importância da entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
“É um momento que não podemos hesitar. O Brasil quer acesso à OCDE para reafirmar seus valores. Reafirmar sua crença no multilateralismo e na importância das organizações multilaterais para essa convergência de procedimentos, de valores e principalmente para manter o sistema global funcionando do ponto de vista de investimentos, comércio, e celebrando a civilização, o estágio de civilização que atingimos”, disse.
“Como ministro da Economia do Brasil, estou dizendo que o Brasil vai trabalhar sempre para reforçar o valor das instituições multilaterais”, completou.
As declarações foram dadas em evento conjunto do Ministério da Economia e da OCDE em Brasília que apresentou o novo sistema de preços de transferência para o Brasil, um conjunto de regras aplicadas a empresas multinacionais para transferirem bens a companhias associadas a elas.
De acordo com o Ministério da Economia, o trabalho ligado ao novo sistema de preços de transferência para o Brasil foi iniciado em 2018 e teve como base a avaliação sobre o quão alinhadas estavam as abordagens no caso brasileiro e as da OCDE -o que resultou em um relatório de convergência para o padrão da Organização.
O ministro relembrou que o país ainda quer, além do acesso à OCDE, a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia. Para ele, esses movimentos vão “lubrificar” os canais de investimento e beneficiar o Brasil.
O convite para o Brasil entrar na OCDE foi aprovado em janeiro pelos membros do conselho da Organização, o que iniciou um processo negociador que deve durar pelo menos dois anos.
Para ter sucesso, o Brasil vai precisar aderir uma série de instrumentos normativos da entidade, além de ter a sua candidatura analisada em diversos comitês. Dentre as obrigações impostas ao Brasil, estão a redução de desmatamento e medidas de mitigação de mudanças climáticas previstas no acordo de Paris.
Os candidatos também precisam confirmar seu endosso a alguns valores da organização. Entre eles, a preservação da liberdade individual, valores da democracia, proteção de direitos humanos, além de economias de mercado abertas, competitivas, sustentáveis e transparentes.
O pedido formal de adesão foi feito em 2017. O ingresso no “clube dos países ricos” é uma das prioridades de Guedes.
Considerada uma espécie de “clube dos países ricos”, os membros da OCDE se comprometem com o cumprimento de boas práticas para o funcionamento de seus governos e economias.
(Fábio Pupo/Folhapress/Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)