GCM não deixa Pastoral do Padre Júlio Lancelloti entregar comida na cracolândia
Uma ação de guardas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) incomodou o padre Julio Lancelloti (foto) nesta quarta-feira. O coordenador da Pastoral Povo da Rua de São Paulo foi impedido, junto com o seu grupo, de distribuir comida na cracolândia, região de Campos Elíseos, no centro da capital paulista.
Para o padre, houve abuso dos agentes, que informaram ao grupo que naquele horário, por volta das 15h, era proibida a distribuição de comida. Segundo Lancelloti, a distribuição já foi feita neste mesmo horário em outras ocasiões e a chegada do grupo para a distribuição das refeições depende da quantidade de comida que está sendo preparada. Além dos pratos, o grupo também levou água para as pessoas.
“Passamos pela barreira da GCM e eles vieram atrás. Vimos que não estava tendo limpeza e nem início de tumulto por ali. A gente sabe que nestas situações não pode ficar. Mas não estava tendo nada disso. Eles disseram que a partir de agora tem horário e que tínhamos que sair. É um abuso sem dúvida”, reclamou o padre, que afirmou à reportagem que teria trocado mensagens com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e que este lhe teria dito de que não há nenhuma orientação sobre horários para entrega de comida.
Em uma foto tirada pelo religioso é possível ver uma guarda segurando a arma em mãos. “Eles pressionaram tanto que o povo que estava na fila para pegar comida foi embora”, reforçou Lancelloti.
“E tem um jogo atrás disso. Eles não querem que haja acompanhamento dessas pessoas. O nosso objetivo é uma aproximação, humanização da situação para com isso ganhar a confiança e tentar tirar as pessoas dessa vida. Pode acontece ou não, claro, mas se você não se aproxima. Eles ficam no isolamento absoluto, completo, só com as forças de repressão”, acrescentou.
Sem sucesso na distribuição por ali, o grupo se dirigiu até a praça Princesa Isabel, onde conseguiu fazer a entrega para moradores de rua da região.
Questionada sobre o posicionamento da GCM, a Prefeitura de São Paulo não respondeu à reportagem até a publicação deste texto. (Alexandre de Aquino- Folhapress)