Fed aumenta taxa de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual
O Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) aumentou os juros em 0,25 ponto percentual. A decisão, divulgada nesta quarta (22), colocou a taxa de referência do país na faixa de 4,75% a 5%.
A medida vem em meio a uma turbulência no setor bancário americano, que tiveram a falência do banco SVB e um plano de apoio ao First Republic, de US$ 30 bilhões (R$ 157,9 bilhões).
“O sistema bancário é seguro e resiliente. Os acontecimentos recentes provavelmente resultarão em condições de crédito amis apertadas para as famílias e negócios e terá peso na atividade econômica, emprego e inflação. A extensão desses efeitos é incerta”, disse o Fed, em comunicado.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a crise dos bancos fez a instituição considerar deixar a taxa de juros sem aumento nesta reunião, mas acabou decidindo por manter a série de altas, por avaliar que ainda não é possível precisar os efeitos da turbulência bancária na economia.
“No entanto, pensamos que [a crise bancária] é potencialmente muito real. E isso demanda ficar alerta conforme avançamos”, disse Powell, em entrevista coletiva, após o anúncio.
O dirigente do Fed disse considerar que “as economias de todos os correntistas estão seguras” e que as autoridades estão preparadas para usar todas as ferramentas para manter a segurança do sistema bancário.
Esta foi a nona alta consecutiva da taxa de juros americana. No comunicado sobre a decisão, o Fed sinalizou que pode encerrar o ciclo de alta em breve. O documento retirou o trecho que dizia que “aumentos contínuos” nos juros provavelmente serão apropriados. Esse posicionamento estava em todas as declarações de política monetária desde a decisão de 16 de março de 2022.
Dez dos 18 formuladores de política monetária do Fed ainda esperam que a taxa suba mais 0,25 ponto percentual até o final deste ano, o mesmo nível visto nas projeções de dezembro.
A taxa de referência do Fed deve terminar o próximo ano em 4,3%, com base na projeção mediana feita pelos formuladores. As opiniões variaram, com quatro autoridades esperando que os juros sejam de 5,1% ou mais e quatro esperando que a taxa básica termine o ano abaixo de 4%.
Em dezembro, os formuladores de política monetária do Fed projetaram que 2023 terminaria com a taxa de juros do banco central em 5,1%, antes de cair para 4,1% em 2024.
A política do Fed de alta dos juros tem como objetivo tentar conter a inflação nos Estados Unidos, que registrou forte alta depois da pandemia. A alta de preços nos EUA atingiu 4,7% em janeiro, no acumulado de 12 meses. Em setembro, o indicador estava em 5,2%.
Juros mais altos costumam esfriar a atividade econômica, especialmente por dificultar o acesso ao crédito. No entanto, a crise dos bancos pode ter o mesmo efeito, por colocar essas instituições financeiras sob maior escrutínio.
Neste cenário, os bancos podem se tornar mais cautelosas ao fornecer empréstimos, ou terem menos recursos para financiar projetos, caso tenham de seguir regras mais rígidas sobre quanto dinheiro manter em caixa, por exemplo.
No começo da noite desta quarta (22), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Brasil anunciará como fica a taxa Selic, referência para os juros no país. A expectativa é a de que ela se mantenha inalterada -pela quinta vez consecutiva- no patamar de 13,75% ao ano.
(Folhapress /Foto: Pexels)
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