Esteves Colnago assume lugar de Funchal e será novo secretário de Tesouro e Orçamento

O chefe da assessoria especial de relações institucionais do ministro Paulo Guedes (Economia) e ex-ministro do Planejamento, Esteves Colnago (foto), assumirá o cargo de secretário especial de Tesouro e Orçamento no lugar de Bruno Funchal.
Colnago assume o principal cargo da área fiscal do Ministério da Economia após uma debandada de secretários de Guedes em meio a uma operação do governo para driblar a regra constitucional do teto de gastos e turbinar despesas no ano eleitoral de 2022.
A escolha foi confirmada nesta sexta-feira por Guedes, que prometeu passe livre para Colnago escolher quem será o próximo secretário do Tesouro Nacional (comandado por Jeferson Bittencourt, que também pediu demissão).
Colnago escolheu Paulo Valle, ex-subsecretário da dívida pública, para comandar o Tesouro Nacional.
O secretário especial de Relações Governamentais da Casa Civil, Bruno Grossi, era cotado para ocupar o posto. Servidor de carreira do ministério, ele já foi subsecretário de Gestão Orçamentária durante o governo Temer e, em janeiro de 2019, passou a atuar no Planalto.
Segundo auxiliares palacianos, ele conta com a simpatia do presidente Jair Bolsonaro, mas a palavra final seria da Economia.
O texto final da PEC dos Precatórios, com a manobra para mudar o cálculo do teto de gastos, foi finalizado por Grossi no Planalto, de acordo com detalhes verificados pela reportagem no documento apresentado a líderes do Congresso.
O secretário da Casa Civil estava no Ministério da Economia durante a coletiva de imprensa de Guedes e Bolsonaro na tarde desta sexta-feira. Ele chegou a sentar na mesa ao lado do presidente e do ministro, a convite do mandatário.
Antes de chegar ao atual posto, Colnago já tinha sido secretário especial adjunto de Fazenda (atual Tesouro e Orçamento) na época do então secretário especial Waldery Rodrigues. Guedes já cogitava Colnago para assumir o posto de Waldery há mais de um ano, o que acaba se concretizando apenas agora.
Servidor de carreira (analista do Banco Central), Colnago foi promovido de secretário-executivo a ministro do Planejamento durante o governo de Michel Temer após a queda do então chefe da pasta, Romero Jucá (MDB-RR).
Colnago já passou por diferentes funções na equipe econômica, inclusive no Tesouro. Ele é mestre em Ciências Econômicas pela UnB (Universidade de Brasília) e especialista em contabilidade pública.
Ele também ocupou a presidência dos Conselhos de Administração da Casa da Moeda, de Recursos do Sistema Financeiro Nacional e de Administração do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Colnago acompanhou a votação nesta quinta da PEC (proposta de emenda à Constituição) que flexibiliza o teto de gastos e adia o pagamento de precatórios -dívidas da União reconhecidas pela Justiça.
A costura da versão mais recente dessa PEC, que deve ser analisada pelo plenário da Câmara na próxima semana, resultou numa debandada no Ministério da Economia em meio à votação da proposta na comissão especial criada para analisar o assunto.
Colnago é conhecido no Congresso pelo trânsito político e capacidade de articulação com as bancadas -inclusive com mais experiência que Funchal.
No cargo, Colnago terá a chave dos cofres públicos e cuidará das negociações finais do projeto de Orçamento do próximo ano, alvo de pressão da ala política do governo e do Congresso por mais gastos às vésperas da eleição.
O acordo entre o Palácio do Planalto e partidos aliados para reformular o cálculo do teto de gastos (e, na prática, ampliar o limite das despesas) alivia a pressão sobre o Orçamento de 2022, e abre espaço para demandas da classe política (inclusive da base de Bolsonaro no Congresso). (Fábio Pupo, Thiago Resende e Marianna Holanda – Folhapress)

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