ESG como diferencial competitivo: como as empresas estão transformando práticas em lucro e impacto

Por Bárbara Souza
A adoção de critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica no mundo corporativo. Com consumidores mais conscientes, investidores exigentes e uma geração de líderes preocupados com o futuro do planeta, empresas que ignoram essas práticas enfrentam riscos reputacionais, financeiros e até mesmo de sobrevivência no mercado.
Em entrevista exclusiva, Daniel Pisano, Head de Investimentos da 87Labs, fundo que investe em startups de impacto, explica por que o ESG se tornou um pilar crítico para os negócios e como ele pode impulsionar rentabilidade e competitividade.
“O mundo mudou, tudo que fazemos e consumimos está exposto nas redes. A informação é grátis e acessível a qualquer momento”, afirma Pisano. “As empresas notaram que esse cenário cria oportunidades para elas mostrarem, agirem e direcionarem iniciativas para mudar o curso dessa história”.
De fato, dados reforçam essa percepção, já que de acordo com dados da Morgan Stanley de 2023, 85% dos investidores globais consideram fatores ESG em suas decisões.
Além disso, 76% dos consumidores afirmam boicotar marcas que não se alinham com seus valores, de acordo com pesquisa da Edelman Trust Barometer, realizada em 2024.
Pisano destaca que a nova geração de líderes prioriza “valores de saúde, bem-estar e qualidade de vida”, o que pressiona as empresas a adotarem uma postura mais responsável. De acordo com Daniel, a 87Labs busca investir nesse tipo de empresa.
ESG como impulsionador de rentabilidade e redução de riscos
Quando questionado sobre como os critérios ESG impactam os resultados financeiros, Pisano é categórico: “Critérios ESG bem implementados geram valor tangível ao promover eficiência operacional, inovação e resiliência em tempos de crise.”
Estudos comprovam essa avaliação. Segundo o Harvard Business Review (2022), empresas com altos padrões de governança têm retorno 2,6 vezes maior em cinco anos. Já companhias que investem em eficiência energética reduzem custos em até 30%, conforme relatório da McKinsey (2023).
Além disso, Pisano ressalta que “ignorar ESG expõe empresas a riscos reputacionais, financeiros e regulatórios”, citando multas ambientais, boicotes de consumidores e dificuldades em atrair talentos.
O papel das startups e da tecnologia na aceleração do impacto
Como investidor, Pisano explica que a 87Labs busca negócios que resolvam problemas crônicos da sociedade, como poluição e desigualdade, com criatividade e tecnologia. “Acreditamos que a sustentabilidade só será resolvida com soluções escaláveis e tecnológicas”, diz.
Exemplos disso já estão em alta:
- O mercado global de tecnologias verdes deve movimentar US$ 9,5 trilhões até 2030, segundo a BloombergNEF (2024).
- Startups de impacto social receberam US$ 30 bilhões em investimentos em 2023, um aumento de 40% em relação a 2022, de acordo com a PitchBook.
ESG devem ser vistas como estratégia de longo prazo
Para Pisano, o futuro pertence às empresas que conseguirem comprovar impacto positivo. “Serão as que efetivamente mudaram o mundo que sairão vitoriosas”, finaliza.
Com regulamentações mais rígidas, consumidores mais exigentes e um mercado financeiro cada vez mais atento a riscos socioambientais, o ESG não é mais uma opção – é uma estratégia de sobrevivência.
Foto: Pexels
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