Em mais uma mentira, Bolsonaro diz que 20 mil crianças e adolescentes receberam vacina irregular
O presidente Jair Bolsonaro (foto) afirmou que até o fim do ano passado mais de 20 mil crianças de 0 a 11 anos foram vacinadas contra a Covid-19, o que chamou de “algo completamente irregular”.
As afirmações, desta quarta-feira, têm base em dados repassados pelo Ministério da Saúde à AGU (Advocacia-Geral da União).
O órgão pediu nesta terça (18) ao STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender campanhas de imunização de menores em desacordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO) e com as recomendações da Anvisa.
Na manhã desta quarta, o ministro Ricardo Lewandowski havia pedido que os estados e o Distrito Federal se manifestassem a respeito de eventuais irregularidades na imunização de crianças e adolescentes. O ministro deu prazo de 48 horas para as respostas.
A AGU havia afirmado que estados e municípios informaram que menores de idade foram imunizados no ano passado fora da faixa etária permitida e com vacinas não autorizadas para esse público.
De acordo com a AGU, “embora o único imunizante previsto no PNO para aplicação em menores de 18 anos até o presente momento seja aquele produzido pela Comirnaty/Pfizer, o cadastro indica que, sem qualquer critério aparente, milhares de doses de outros imunizantes foram aplicadas em adolescentes e crianças em diversos Estados brasileiros”.
“É especialmente impactante, no ponto, o registro relativo à administração de doses em crianças. Até dezembro de 2021, teriam sido vacinadas, sem qualquer respaldo no PNO, cerca de 2.400 crianças de zero a quatro anos, além de mais de 18 mil crianças de cinco a 11 anos”, afirmou o órgão.
Em nota, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) disseram que “em mais de 300 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 já aplicadas, é possível que tenham ocorrido erros como os listados na denúncia”.
“Tanto podem ser erros de digitação, ou erros dos próprios sistemas de informação, o que impõe cautela e discernimento para a verificação de tais situações”, afirmaram as entidades. (José Marques e Ricardo Della Coletta- Folhapress)