Editores pelo mundo cobram Bolsonaro por busca de indigenista e jornalista desaparecidos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi cobrado por editores de alguns dos principais jornais e organizações de mídia no mundo a intensificar com urgência recursos e esforços para encontrar o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, desaparecidos na região do Vale do Javari (AM) desde domingo (5).
O apelo, que manifesta “extrema preocupação com a segurança e paradeiro de Phillips e Pereira”, foi publicado pelo jornal The Guardian nesta quinta-feira (9).
O jornal britânico encabeça a lista de assinaturas da carta aberta ao lado do americano The Washington Post, publicações para as quais o jornalista colaborava como freelancer.
Phillips é destacado na carta como um jornalista globalmente respeitado, com profundo amor pelo Brasil e por sua população.
Assinam veículos e organizações como The New York Times, The Wall Street Journal, Bloomberg News, The Associated Press, Pulitzer Center, ProPublica, The Intercept, Agência Pública de Jornalismo Investigativo e Repórteres sem Fronteiras.
Até a manhã desta quinta-feira, executivos de ao menos 20 veículos de mídia haviam assinado o documento, entre eles o diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila.
“Como editores e colegas que trabalharam com Dom, nós estamos muito preocupados com relatos do Brasil de que os esforços de busca e resgate até agora têm recursos mínimos, com as autoridades nacionais demorando a oferecer assistência limitada.”
“Pedimos que urgentemente intensifiquem os recursos e esforços para localizar Dom e Bruno, e que forneça todo o apoio possível às suas famílias e amigos”, diz a carta, endereçada também aos ministros da Defesa e das Relações Exteriores do Brasil.
O documento também destaca que familiares, amigos e colegas solicitaram repetidamente a assistência de autoridades locais, estaduais e nacionais e de serviços de emergência.
O The Guardian também publicou um editorial convocando governos e organizações a pressionarem Bolsonaro, classificado pela publicação como líder da extrema-direita.
“É altamente improvável que o governo mude de rumo sem pressão internacional”, diz o editorial, que destaca que isso precisa ser levado em contra para que o desaparecimento tenha uma resposta adequada.
A lista completa dos signatários da carta:
Katharine Viner, editora-chefe do “Guardian News & Media” Sally Buzbee, editora-executiva do “The Washington Post” Dean Baquet, editor-executivo do “The New York Times” Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha Nancy Barnes, vice-presicente sênior de notícias e diretora editorial da “NPR” John Micklethwait, editor-chefe da “Bloomberg News” Julie Pace, vice-presicente sênior e editora-executiva da “Associated Press” Juan Forero, chefe na América do Sul do “The Wall Street Journal” Marina Walker Guevara, editora-executiva do “Pulitzer Center” Rozina Breen, editora-chefe e CEO do “The Bureau of Investigative Journalism” Stephen Engelberg, editor-chefe da “ProPublica” Paul Webster, editor do “The Observer” Jason Ukman, editor-chefe do “Stat” Thiago Domenici, diretor da “Agência Pública de Jornalismo Investigativo” Rhett Butler, fundador e CEO da “Mongabay” Peter Wolodarski, editor-chefe do “Dagens Nyheter” Roger Hodge, editor-adjunto do “The Intercept” Felipe Maciel, editor-executivo da “agência Epbr” Phil Chetwynd, diretor global de notícias da “AFP” Emmanuel Colombié, diretor para a América Latina da “Repórteres sem Fronteiras” Lynette Clemetson, diretora da “Centro Wallace House para Jornalistas” Quinn McKew, diretora executiva da “Artigo 19” Gregory Feifer, diretor executo do ICWA “(Institute of Current World Affairs)” Lindsey Hilsum, editor internacional do “Channel 4 News” Christina Lamb, chefe dos correspondentes estrangeiros do “Sunday Times” Krishnan Guru-Murthy, apresentador do “Channel 4 News” Jon Lee Anderson, biógrafo e escritor do “The New Yorker”
(Folhapress /Foto: Isac Nóbrega/PR)