Dólar sobe por exterior de olho em Trump, dados da China e IBC-BR antes de Powell
Por Silvana Rocha – Estadão Conteúdo
O dólar ante o real sobe nos primeiros negócios desta segunda-feira (15), acompanhando a valorização dos retornos dos Treasuries longos e da moeda americana ante pares principais e divisas emergentes, após o atentado ao ex-presidente Donald Trump, que participa hoje da Convenção Nacional Republicana.
Para analistas, o episódio amplia as chances de Trump voltar à Casa Branca, o que reduz a incerteza sobre o processo eleitoral mas eleva riscos fiscais no país.
O investidor também olha o IBC-Br de maio e o Boletim Focus em meio a expectativas por eventos com o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell (13h30) e com a dirigente do Fed de São Francisco Mary Daly (17h35). Nos EUA, o índice de atividade industrial Empire State caiu a -6,6 em julho, menos que a previsão dos analistas (-8).
O IBC-BR subiu 0,25% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, e avançou 1,30% em maio na comparação anual, sem ajuste, segundo o Banco Central. O indicador atingiu 149,6 pontos, o maior nível da série histórica. O resultado de maio ficou aquém da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava alta de 0,30% (intervalo de queda de 0,60% a alta de 0,90%). Neste ano, o IBC-BR sobe 2,01% até maio ante mesmo período de 2023, sem ajuste, e em 12 meses, +1,66% sem ajuste.
No Focus, a mediana do mercado para o IPCA de 2024 caiu de 4,02% para 4,00%, mas o IPCA de 2025 subiu de 3,88% para 3,90%. Para 2026, a mediana do IPCA segue em 3,60% e, para 2027, em 3,5%. As projeções para a taxa Selic não se alteraram e seguem para 2024 em 10,5%; para 2025, em 9,5%; enquanto para 2026 e 2027 continuam em 9% ao ano. Já a mediana do câmbio para 2024 passou de R$ 5,20 para R$ 5,22 e, para 2025, continua em R$ 5,20.
Com a agenda doméstica esvaziada na semana, os investidores devem concentrar as atenções no quadro fiscal. Na sexta-feira, 12, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a proposta de elevar a alíquota da CSLL para bancar a desoneração da folha de pagamento – o que, segundo ele, seria “uma coisa temporária”. Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que “não há receptividade política” para um aumento da CSLL como alternativa para compensar a renúncia fiscal da desoneração da folha de pagamentos de empresas e de municípios de menor porte, conforme proposta apresentada pelo Ministério da Fazenda.
Em busca de uma proposta orçamentária equilibrada com meta de resultado primário de déficit zero para 2025, a Fazenda está preparando medidas para aumentar a arrecadação em cerca de R$ 20 bilhões, apurou o Valor Econômico. Este montante se somará aos R$ 25,9 bilhões esperados do “pente-fino” em benefícios sociais e aos R$ 17 bilhões da resolução do impasse sobre a desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra, totalizando R$ 62,9 bilhões.
No exterior, dados da China também são monitorados, após o Banco do Povo (PBoC) manter a taxa da linha de empréstimo de médio prazo – conhecida como MLF – de um ano inalterada em 2,5% ao ano, mesmo nível pelo 11º mês consecutivo; e a taxa de sete dias, em 1,8% ao ano. A manutenção das taxas sinaliza que os juros de referência da China não devem sofrer alterações neste mês.
Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 4,7% no segundo trimestre deste ano, ante igual período de 2023, abaixo das estimativas dos analistas, de +5,1%, indicando uma desaceleração em relação ao resultado do primeiro trimestre, de +5,3%, na comparação anual. A produção industrial da China teve alta anual de 5,3% em junho, superando a expectativa (+5%), mas as vendas no varejo avançaram 2% na comparação anual de junho, ante consenso da FactSet de acréscimo de 3,2%.
Na Europa, as bolsas recuam e o euro oscila perto da estabilidade ante o dólar, após a queda da produção industrial na zona do euro menor que a esperada em maio ante abril e sob expectativas majoritárias de manutenção de juros pelo BCE em reunião monetária na quinta-feira.
Às 9h34 desta segunda, o dólar à vista subia 0,67%, a R$ 5,4673. O dólar futuro para agosto ganhava 0,62%, a R$ 5,4770.
Foto: Pexels
LEIA TAMBÉM: O que já se sabe sobre o atentado a Donald Trump na Pensilvânia e o que falta ser esclarecido