Dólar recua 2,2% e vai a R$ 4,94 com bom humor nos mercados globais
Em um dia de maior otimismo por parte dos investidores globais com a possibilidade de alívio nas restrições de combate à Covid-19 na China, o dólar registrou forte queda nesta terça-feira (17) frente ao real, enquanto a Bolsa de Valores brasileira manteve a toada positiva dos últimos dias.
O dólar comercial marcou a quarta desvalorização seguida ante a divisa brasileira, de 2,19%, cotado a R$ 4,9410 para venda, na maior baixa percentual desde agosto de 2021. Com a queda, a moeda americana recuou ao menor patamar desde o pregão de 4 de maio, quando estava cotada a R$ 4,9030.
O bom humor que marcou a sessão fez o dólar perder força em escala global -o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas, recuava 0,85% por volta das 18h30.
BOLSA SOBE PELA QUINTA SESSÃO SEGUIDA
Na Bolsa de Valores, a tendência de alta verificada nas últimas quatro sessões prosseguiu nesta terça, acompanhando as altas expressivas dos pares globais.
O índice amplo de ações Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,51%, negociado aos 108.789 pontos, com destaque na sessão para papéis relacionados à dinâmica da economia local.
Os papéis da empresa de educação Cogna avançaram 5,86%, enquanto os papéis da EcoRodovias tiveram valorização de 5,10%, e os da Dexco, ex-Duratex, subiram 2,86%.
Já as ações do Magazine Luiza recuaram 11,46%, após a varejista ter reportado prejuízo de R$ 99 milhões no primeiro trimestre.
“Apesar de acreditamos que ainda há mais trabalho a ser feito para que o Magazine Luiza recupere a confiança dos investidores em relação ao crescimento, rentabilidade e geração de caixa que a empresa pode proporcionar, vemos espaço para uma melhoria gradual do desempenho das lojas apoiando os resultados nos próximos trimestres e mantemos nossa recomendação de compra das ações”, assinalam os analistas do Goldman Sachs.
No setor elétrico, os papéis da Eletrobras registraram valorização de 3%, após a estatal reportar lucro de R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre, alta de 70% ante igual período do ano anterior.
Matéria do jornal Folha de S.Paulo mostra que entidades de servidores da Eletrobras apresentaram nesta terça (17) à SEC (órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos) uma denúncia contra a companhia. Segundo o documento, a Eletrobras omite de seus acionistas a dimensão dos riscos financeiros que sofre com a Hidrelétrica de Santo Antônio.
FLEXIBILIZAÇÕES NA CHINA ANIMAM INVESTIDORES GLOBAIS
Nos mercados globais, o dia foi de alta generalizada nas principais Bolsas, com alívio dos investidores sobre as restrições de mobilidade na China.
“O alastramento do vírus em Xangai ficou sob controle pelo terceiro dia consecutivo, impulsionando o otimismo de investidores ao atingir a condição imposta pelas autoridades para que seja iniciado um movimento maior de redução das restrições de mobilidade na região”, apontam os analistas da Guide em relatório.
Na Ásia, o Hang Seng, de Hong Kong, fechou em alta de 3,27% enquanto o CSI 300, da China, valorizou 1,25%. O Nikkei, do Japão, avançou 0,42%.
Nas Bolsas americanas, o S&P 500 registrou valorização de 2,02%, e o Dow Jones subiu 1,34%, enquanto o Nasdaq avançou 2,76%.
O movimento deu prosseguimento aos ganhos já observados nos mercados da Europa.
O FTSE-100, em Londres, avançou 0,72%, e o CAC-40, de Paris, teve ganhos de 1,30%. O DAX, de Frankfurt, subiu 1,60%.
Os analistas da Guide destacam que, na Zona do Euro, uma nova leitura do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre do ano trouxe dados melhores do que o esperado, indicando alguma resiliência da economia do bloco frente aos desafios com a Covid-19 no início do ano e os impactos iniciais da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O PIB dos 19 países que compartilham o euro subiu 0,3% no período de janeiro a março sobre os três meses anteriores, marcando um crescimento de 5,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A estimativa anterior havia apontado uma taxa de crescimento de 0,2% na comparação trimestral e de 5,0% na base anual.
AÇÕES DO NUBANK RECUAM 6% APÓS BALANÇO DO 1º TRIMESTRE
Sob intensa volatilidade ao longo de todo o pregão, as ações do Nubank negociadas na Nyse (Bolsa de Nova York), que chegaram a saltar cerca de 10% nos primeiros negócios do dia, fecharam em queda 6,22%, a US$ 4,07. Desde a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) em dezembro do ano passado, os papéis recuam cerca de 55%.
A fintech reportou na véspera prejuízo de R$ 230 milhões no primeiro trimestre, mas com forte crescimento na base de clientes e na receita total. A inadimplência avançou 1,5 ponto percentual, para 4,2%.
Os números dividiram a opinião de analistas.
“A qualidade dos ativos foi a surpresa negativa do resultado, enquanto a maior parte dos demais resultados operacionais nos surpreendeu positivamente. Apesar da bandeira amarela com relação à magnitude do aumento nos índices de inadimplência, gostamos dos resultados do Nubank no primeiro trimestre, especialmente considerando o impacto do crescimento dos clientes e da carteira de crédito para os resultados no médio e longo prazo”, apontam os analistas do UBS BB em relatório.
Segundo José Augusto Albino, sócio da Catarina Capital, o principal destaque do balanço do Nubank foi que a empresa entregou até mais do que prometia e realmente entrou de forma agressiva no mercado de crédito.
“Se a empresa tinha uma operação em que dependia muito de tarifas, taxas, fruto da parte de cartão de crédito, hoje mais de 70% do faturamento da empresa vêm de operações de crédito, com um balanço cada vez com mais cara de banco”, diz Albino.
“O mercado gostou do resultado, que veio acima das expectativas, mas sigo bastante cética com os números, diante da enorme base de clientes e a lentidão para monetizá-los”, diz Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research.
Os analistas do Itaú BBA, por sua vez, consideraram os resultados do Nubank negativos, com um prejuízo liquido acima dos R$ 176 milhões estimados pela casa.
“No geral, os resultados mostraram uma boa execução em termos de crescimento de receita, mas o Nubank também está enfrentando os desafios de custo e no crédito que geralmente vêm com ele. Esperamos que isso continue pressionando as avaliações das ações”, dizem os analistas do Itaú BBA.
(Lucas Bombana – Folhapress/ Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)