Dólar cai 1,02% com real atrativo para investidores globais

Dólar cai 1,02% com real atrativo para investidores globais

Expectativas de aperto ao crédito em um cenário de alta da inflação e a valorização de matérias-primas exportadas pelo Brasil ganharam ênfase nas escolhas de investidores globais que buscaram ganhos no mercado doméstico nesta segunda-feira (18), favorecendo uma forte queda do dólar em relação ao real.A moeda americana caiu 1,02%, a R$ 4,6480. O real ocupou nesta segunda o posto de moeda mais valorizada frente ao dólar nas comparações entre as principais divisas mundiais e também entre as de países emergentes.Na Bolsa de Valores brasileira, o índice de referência Ibovespa perdeu 0,43%, recuando aos 115.687 pontos. A baixa foi influenciada principalmente pelas quedas de 1,76% da Petrobras e de 1,65% da Vale.Apesar do dia de valorização das commodities exportadas pelas principais empresas do país, petróleo e minério de ferro, respectivamente, a Bolsa passa por um período de correção, com a reversão do fluxo de estrangeiros, após um primeiro trimestre de forte alta.”Tivemos uma alta muito substancial em março”, afirmou Phil Soares, analista-chefe de ações da Órama Investimentos. No ano, o índice acumula ganhos de 10,4%.Pairam ainda sobre a Petrobras preocupações quanto à sua autonomia. Na última quarta-feira (13), o governo conseguiu adiar a votação de reforma no estatuto que aumentaria a blindagem da Petrobras contra interferência política.Analistas da Ativa Investimentos comentaram que a suspensão da votação de pontos que fortaleceriam a governança da companhia contribui para que as ações da companhia sigam negociadas com desconto.Já o mercado de crédito apresentou ligeiro alívio nesta sessão. As taxas de juros DI (Depósitos Interbancários) para contratos a partir de 2024 recuaram pela primeira vez em nove sessões. Negociados entre bancos, os contratos DI são referência para o setor de crédito e refletem a expectativa do segmento quanto aos juros do país.O mercado, porém, segue esperando um aperto monetário e a previsão de alta dos juros é um dos principais motivos para a valorização do real. A moeda entrega hoje o quarto melhor retorno de juros frente aos países emergentes, atrás apenas do peso argentino, da lira turca e do rublo russo.Em revisão de cenário na última quinta (14), a XP Investimentos elevou sua estimativa para os juros básicos do país para este ano em um ponto percentual. A previsão dos analistas da empresa para a Selic passou de 12,75% para 13,75%. A taxa está atualmente em 11,75% ao ano.Na última segunda-feira (11), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, declarou surpresa com a alta dos preços após a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ter revelado que a inflação oficial no país acelerou para 1,62% em março, maior alta para o mês em 28 anos.Elevar juros é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para restringir a oferta de crédito e, com isso, tentar desacelerar a inflação.O preço de referência do petróleo bruto inclinava para o quarto dia consecutivo de alta no início desta noite. O barril do Brent subia 0,80%, cotado a R$ 112,59 (R$ 526,24).O valor da commodity era pressionado pela queda na produção da Líbia em mais de meio milhão de barris por dia. O país enfrenta uma onda de manifestações políticas.O campo de produção Sharara, no oeste do país, que pode bombear 300 mil barris por dia, foi fechado depois de manifestantes se reunirem no local exigindo a renúncia do primeiro-ministro Abdul Hamid Dbeibé, noticiou a Bloomberg.Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,11%, 0,02% e 0,14%, nessa ordem.O rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos, referência para esse tipo de ativo, subia para 2,85% ao ano.Investidores de Nova York negociam com a perspectiva de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) realizará fortes aumentos de juros para tentar conter a inflação no país. Essa expectativa resulta na baixa do mercado de ações e valorização da renda fixa.

(Clayton Castelani – Folhapress/ Foto: Brazil Photo Press/Folhapress)

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