Dia do Consumidor: Por que as mulheres continuam pagando mais caro – e o que os homens podem fazer para mudar?

Por Fabricio Macias é Co-CEO da Macfor
No ano passado, conduzi um estudo em minha empresa para compreender se as mulheres enfrentam preços mais altos em produtos e serviços. O resultado foi um alerta preocupante, que ganhou destaque em diversos jornais. Agora, no mês da mulher e com a aproximação do Dia do Consumidor, é lamentável constatar que a realidade permanece inalterada.
A prática conhecida como “Pink Tax” ou “Taxa Rosa”, ainda pouco debatida, continua prejudicando as consumidoras. Essa forma de desigualdade se evidencia em produtos que, embora ofereçam os mesmos benefícios que seus equivalentes masculinos, chegam ao mercado com preços significativamente mais altos. Remédios, chinelos, perfumes e até produtos para bebês são exemplos recorrentes.
Nesta semana, em uma recente análise de preços, constatei que um chinelo de uma marca renomada é 18,75% mais caro na versão feminina em comparação à masculina. Já a marca de shampoo apresentou uma diferença de 11,6%. A tendência em 2025 não traz surpresas: a desigualdade persiste. Essa estratégia de diferenciação de preços é particularmente frustrante para as mulheres, que muitas vezes não percebem qualquer vantagem concreta nos produtos direcionados ao público feminino.
Segundo o levantamento do ano passado, 56% dos consumidores brasileiros desconhecem a existência da “Taxa Rosa”. O estudo apontou que o impacto é mais evidente em setores como Beleza e Perfumaria, identificado por 98,3% dos participantes, e na indústria da Moda, apontado por 89,7%. A pesquisa reuniu dados de consumidores entre 18 e 44 anos, abrangendo regiões como Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, com uma maioria feminina (68%). Entre as participantes, 67,3% estavam na faixa etária de 25 a 34 anos. O levantamento destacou a insatisfação das consumidoras com a diferenciação de preços, considerando que os custos de produção são equivalentes. Ou seja, os consumidores querem acabar com a abordagem sexista e esperam uma relação com as marcas baseada em mais igualdade e transparência.
A luta contra a “Taxa Rosa” é uma responsabilidade coletiva. O envolvimento masculino é fundamental nesse processo, pois homens também podem utilizar sua voz para amplificar a necessidade de igualdade. Ao questionar diferenças de preços e apoiar a luta por condições justas, eles ajudam a reduzir barreiras culturais e econômicas que mantêm essa prática.
Estamos diante de uma questão que exige a união de todas as vozes. Regulamentações são importantes, mas é fundamental que consumidores e marcas se comprometam a mudar uma realidade que impacta diretamente o orçamento das mulheres e perpetua desigualdades de gênero.
A discussão sobre a “Taxa Rosa” é um chamado à reflexão e à ação. No mês da mulher e às vésperas do Dia do Consumidor, precisamos nos perguntar: o que podemos fazer para que a prática não apenas seja reconhecida, mas também eliminada?
Foto: Pexels
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