Congonhas tem bate-boca, empurrões e longas filas

Congonhas tem bate-boca, empurrões e longas filas

Filas, falta de informação e revolta. O aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, vive uma manhã de caos nesta segunda-feira (10), após ter ficado fechado para pousos e decolagens por cerca de nove horas na véspera, o que provocou um efeito cascata. Foram 116 partidas e 117 chegadas canceladas no domingo, além 29 voos em atraso e 48 cancelados até as 11h desta segunda.

A pista principal de Congonhas foi bloqueada às 13h32 de domingo, após o estouro de um dos pneus de um jato executivo. No saguão, não é difícil achar gente que ficou sem dormir à noite e não tem certeza de quando vai embarcar.

O engenheiro Iuri Melo, 40, chegou às 15h de domingo em Congonhas, de onde embarcaria para Salvador as 16h50 -ele teria uma reunião nesta segunda, em Camaçari. Com voo cancelado, ele ficou até as 3h no aeroporto, foi para casa trocar de roupa e voltou às 5h, quando entrou na fila.

Melo foi atendido quatro horas e meia depois, quando descobriu que não havia mais voos para Salvador nesta segunda.

“Me ofereceram para amanhã [terça], mas para mim não serve, a reunião seria hoje [segunda]”, afirmou o engenheiro, que voltou para casa sem conseguir viajar e vai tentar remarcar a passagem para a semana que vem.

Com semblante cansado, o policial penal Fernando Queiroz de Sousa, 50, refletia uma imagem comum no aeroporto, por volta das 7h30 desta segunda.

Ele, a mulher e um casal de cunhados saíram carro de Campo Grande (MS) e chegaram às 22h deste domingo no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, de onde partiriam às 6h50 desta segunda para férias em Porto Seguro (BA).

A ideia dos casais era fazer o check-in e dormir em um hotel no aeroporto até a hora do embarque. Porém, segundo eles, houve overbooking, e o grupo foi mandado para justamente para Congonhas -de onde deveriam decolar às 9h50. “Aí foi um festival de desinformação, ninguém sabia informar nada, apenas que o problema daqui estava refletindo lá”, afirmou.

Do outro lado do aeroporto, o meteorologia Renato Gonçalves dos Santos, 40, e o analista de energia Roberto Adolfo, 53, ainda tinham cinco pessoas à frente na fila para entrar no guichê de atendimento da Gol, onde tentariam descobrir quando conseguiriam voltar ao Rio de Janeiro -os dois estavam em São Paulo para fazer um curso.

O retorno para casa estava previsto para as 20h deste domingo, quando o aeroporto estava fechado para pousos e decolagens e todos os voos haviam sido cancelados, inclusive o deles, que chegaram em Congonhas às 18h.

Sem conseguir embarcar, eles foram para um hotel e passaram a noite tentando remarcar as passagens, sem sucesso, por email e aplicativo.

Foi aí que resolveram voltar para o aeroporto e entraram na fila por volta das 6h desta segunda.
Enquanto conversavam, um passageiro que estava na longa fila do check-in batia boca de longe com o atendente, aos palavrões.

“Vai começar outra vez”, afirmou Santos sobre as constantes confusões.

Há filas em todos os cantos em Congonhas, do café ao banheiro. Mas a do check-in da Gol impressionava às 7h30.

Com aglomeração, empurrões, esbarrões e falta de informação, a fila fazia o zigue-zague em frente ao longo balcão e ia para o corredor. Lentamente, ela diminuiu cerca de dez metros uma hora depois.

“Tem que ter paciência”, afirmava uma funcionária da empresa aos passageiros enfurecidos na fila.


‘NÃO VAI SER HOJE’

A dona de casa Jacqueline Treviso, 42, se queixou da falta de funcionários para dar informações. Ela estava havia dez minutos em uma fila tentando agilizar o check-in para a mãe, com voo previsto para às 13h para o Rio, quando foi informada pela mulher da frente que estava no lugar errado.

“Eu vi na TV que estava um caos, mas se tivesse alguém para receber as pessoas na fila, agilizaria para todo mundo”, reclamou a mulher, que chegou por volta de 11h no aeroporto, achando que o tempo seria suficiente.

Às 11h40, um funcionário da Gol chegou à fila onde ela estava, com um tablet nas mãos, para ajudar os passageiros.

O casal Karine Queiroz, 50, e Max Heindel, 40, passava o fim de semana em São Paulo e já estava dentro do avião para voltar a Salvador, quando foi avisado que havia ocorrido um problema na cabeceira na pista e que os passageiros precisariam esperar 30 minutos na aeronave. O voo estava marcado para as 13h30 de domingo.

“Depois de um tempo mandaram a gente descer e procurar informação em terra”, disse ela. “Mas quando vimos o caos que o aeroporto havia se transformado, fomos para um hotel.”

O casal retornou a Congonhas nesta segunda. Os dois estavam havia uma hora na fila para remarcar a passagem e calculavam que teriam mais uma hora e meia de espera. “Só quero voltar para Salvador, mas acho que não vai ser hoje”, afirmou.

(Fabio Pescarini – Folhapress / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Compartilhe nas suas redes sociais:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *