Com dívida, Santa Casa de São Paulo vende operação do Hospital Santa Isabel
A mesa administrativa da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que controla a Santa Casa de São Paulo, aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, a venda da operação do Hospital Santa Isabel por R$ 280 milhões à Rede D’Or São Luiz.
Fundada em 1972, a unidade é voltada exclusivamente ao atendimento de clientes de planos de saúde e de pacientes particulares. O prédio tem 124 leitos, sendo 35 unidades de terapia intensiva (UTI).
A Santa Casa pretende usar o dinheiro da venda e também do aluguel do imóvel à Rede D’Or para abater sua dívida, que está na faixa dos R$ 400 milhões, e também investir no atendimento aos pacientes do SUS.
A reportagem apurou que o aluguel da unidade trará à Santa Casa uma receita anual de R$ 10 milhões, acima dos R$ 8 milhões que o Hospital Santa Isabel recebe atualmente. As negociações começaram há cerca de 60 dias.
Além do aluguel, a Rede D’Or se comprometeu a investir na reforma de aproximadamente 3.000 m2 do complexo hospitalar para o atendimento de pacientes do SUS.
Em nota, a Santa Casa afirma que a Rede D’or é um dos maiores empregadores do país, e que os funcionários do Hospital Santa Isabel deverão manter suas atividades profissionais normalmente. A unidade fica no bairro de Higienópolis, no centro de São Paulo.
“A instituição está saneando seu endividamento bancário e com isso seguirá na busca de sustentabilidade, retomará a capacidade de investimento e atendimento aos pacientes do SUS, através da modernização e ampliação de nossas instalações, reforçando a sua missão e o legado de 460 anos a serviço da saúde”, afirma a nota.
Fundada em 1977, a Rede D’Or tem atualmente 60 hospitais no país. Em julho, a empresa fechou acordo para a compra do Hospital Santa Emília, em Feira de Santana, a segunda cidade mais populosa da Bahia.
No fim de 2020, o grupo precificou, até então, o maior IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) de uma companhia brasileira desde 2013. A operação avaliou a companhia em R$ 112,5 bilhões, o que o coloca entre as 10 maiores empresas do país entre as listadas na Bolsa.
A compra de uma unidade hospitalar da Santa Casa por um grande grupo empresarial pode também levar a outras negociações semelhantes.
Em 2017, o governo federal criou uma linha de crédito de R$ 10 bilhões para hospitais filantrópicos e Santas Casas, que tinham uma dívida total estimada de R$ 21 bilhões.
Em 2018, em meio à sua maior crise financeira, a Santa Casa tinha dívida de R$ 700 milhões, com um déficit mensal de R$ 14 milhões.
Sem dinheiro para pagar por insumos de cirurgias, como agulhas, fios de sutura e luvas, o hospital chegou a lançar um projeto no qual pessoas físicas e jurídicas podiam doar kits cirúrgicos para atender pacientes. (Wesley Faraó Klimpel – Folhapress)