Com 10 GW, Brasil entra na lista dos 15 maiores produtores de energia solar
O Brasil ultrapassou a marca de 10 GW (gigawatts) de potência instalada em energia solar, atingindo a décima quarta posição entre os países com maior capacidade dessa fonte. O volume representa mais de 70% da capacidade instalada da hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo.
Segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a marca é resultado de investimentos superiores a R$ 52,7 bilhões desde 2012 e a expectativa do mercado é que os aportes continuem em alta após a aprovação do novo marco da geração distribuída.
O marco garante aos atuais projetos, ou aqueles protocolados até 12 meses após a publicação da lei, descontos no uso de tarifas da rede de distribuição de energia até 2045, incentivo defendido pelo mercado para permitir que os investimentos sejam amortizados.
A ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída) estima que o projeto pode incentivar a instalação de mais 10 GW em dois anos. Além do desconto para grandes consumidores, o texto dá incentivos para a instalação de painéis em unidades consumidoras de baixa renda.
Com o crescimento da capacidade instalada, a geração de energia solar registrou dois recordes de geração em julho. Um deles, de geração instantânea, foi batido às 12h14 do dia 19, com um pico de 2.211 MW. O outro foi de geração média em um dia, com 682 MW médios no dia 30.
O crescimento da capacidade ocorre por meio de projetos de geração centralizada, aqueles que vencem leilões do governo, e por meio da geração distribuída, quando os consumidores decidem gerar sua própria energia ou comprar energia de condomínios ou consórcios geradores.
No segmento de geração centralizada, o Brasil possui 3,5 GW de potência instalada em usinas solares , o equivalente a 1,9% da matriz elétrica do País. Em quatro leilões realizados pelo governo em 2019 e 2021, a fonte foi a mais competitiva, apresentando os menores preços.
No segmento de geração própria, são 6,5 GW de potência instalada. Esse modelo vai desde painéis instalados sobre os telhados de residências ou edifícios comerciais e industriais a fazendas solares construídas sob demanda de clientes particulares.
“Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia solar, basta um dia de instalação para transformar uma residência ou empresa em uma pequena usina geradora de eletricidade limpa, renovável e acessível”, diz o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
“Já para uma usina solar de grande porte, são menos de 18 meses desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. Assim, a solar é reconhecidamente campeã na rapidez de novas usinas de geração.”
O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) alega, porém, que o modelo atual de incentivos joga sobre as costas do consumidor mais pobre uma parcela maior do custo de operação das redes de distribuição, já que há desconto para quem tem condições de investir em energia solar.
“Quem não tem condições de instalar o próprio sistema fotovoltaico ou migrar para o mercado livre terá de arcar com um custo cada vez maior”, afirma o presidente do instituto, Clauber Leite, lembrando que a própria Aneel chegou a estimar esse impacto na faixa de cerca de R$ 3 bilhões por ano.
O setor defende que os incentivos garantem o crescimento de uma fonte de energia limpa e menos demandante de investimentos em linhas de transmissão, já que pode ser instalada perto dos grandes centros consumidores.
“As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, diz Sauaia.
Ao somar as capacidades instaladas das grandes usinas e da geração própria de energia solar, a fonte solar ocupa o quinto lugar na matriz elétrica brasileira, diz a Absolar, acima das térmicas movidas a petróleo e outros fósseis, que têm 9,1 GW de potência.
“A evolução para uma matriz elétrica 100% limpa e renovável é possível e depende mais de vontade e liderança política do que de condições técnicas e econômicas, com mais incentivos do governo tanto na geração própria quanto no planejamento e expansão das grandes usinas centralizadas”, defende o presidente do conselho de administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk. (Nicola Pamplona – Folhapress)