COI mantém discurso pró-Olimpíada enquanto japoneses duvidam de Jogos seguros na pandemia
Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (19) diz que 70% dos japoneses duvidam que os Jogos de Tóquio possam ser realizados com segurança em relação à pandemia. A cerimônia de abertura está marcada para a próxima sexta-feira (23).
Também nesta segunda o COI (Comite Olímpico Internacional) voltou a declarar que o evento é seguro para a comunidade olímpica e a população japonesa.
“Com todas as medidas que estamos tomando, o grau de contato entre a comunidade internacional e a japonesa é muito pequeno. O grau de separação é alto”, disse Brian McCloskey, chefe do grupo de especialistas independentes em Covid-19 que auxilia o COI, em entrevista à imprensa no centro de mídia dos Jogos.
O levantamento de opinião entre os japoneses foi feito nos dias 17 e 18 pelo jornal Asahi Shibum, um dos mais prestigiados do país, em meio ao noticiário dos primeiros casos de contaminação entre atletas na Vila Olímpica.
Até agora, os dados oficiais apontam para 58 casos de Covid entre envolvidos com a Olimpíada, sendo três atletas, dois deles hospedados na Vila. Nesta segunda, o comitê da República Tcheca anunciou que um jogador de vôlei de praia foi diagnosticado depois de desembarcar em Tóquio em voo fretado.
Ao menos seis atletas e dois integrantes da equipe britânica foram isolados no fim da tarde de domingo (18) após a confirmação de que havia uma pessoa infectada no voo em que estavam ao chegarem o Japão.
Os dados da pesquisa divulgada nesta segunda reafirmam levantamentos anteriores, do mesmo jornal inclusive, que refletem um clima contrário aos Jogos entre os japoneses, preocupados que a visita de estrangeiros durante o evento impulsione as transmissões de Covid-19.
O jornal destaca que, apesar do discurso do governo japonês de que a Olimpíada será segura, 68% dos entrevistados disseram não acreditar nisso -apenas 21% responderam o contrário.
Desde semana passada, os casos de Covid vinha passando do patamar de 1.000 em Tóquio. Nesta segunda, a cidade registrou 727, segundo dados da imprensa local. A maior preocupação das autoridades é com a escalada de transmissão da variante delta.
Em entrevista à imprensa, Brian McCloskey afirmou confiar nos protocolos adotados pelos organizadores para identificar casos de Covid, isolar quem testou positivo e buscar possíveis contatos próximos dessa pessoa.
Ele defendeu ainda os parâmetros dos testes -por exemplo, uma pessoa que teve contato com alguém com Covid é liberado pelas autoridades se o primeiro teste após esse diagnóstico der negativo.
“Nós buscamos medidas que reduzam a transmissão”, disse. Questionado, ele disse ser “impossível” prever o número de casos durante os Jogos.
“Queremos o menor número possível. O foco é identificar rapidamente, aplicar a quarentena e buscar os contatos próximos para isolamento”, disse.
As autoridades japonesas impuseram um rígido controle de testes antes da chegada e do desembarque no país. Todos devem apresentar testes prévios negativos e repetir um exame de saliva no aeroporto.
Até domingo, 18 mil pessoas chegaram no Japão com o mínimo de dois testes prévios negativos, segundo os organizadores. (LEANDRO COLON E CAMILA MATTOSO
TÓQUIO, JAPÃO FOLHAPRESS. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)