Bolsas têm dia volátil enquanto ações da Netflix disparam
O mercado brasileiro negociava entre altos e baixos nas primeiras horas desta quarta-feira (19), acompanhando o movimento no exterior, com investidores confrontando balanços empresariais animadores e dados econômicos que reforçavam temores de que a alta dos juros para conter a inflação possa conduzir o mundo a uma forte desaceleração.
Às 11h40, o dólar à vista avançava 0,24%, a R$ 5,2660 na venda. A Bolsa de Valores brasileira subia 0,29%, a 116.080 pontos.
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 avançava 0,09%. Referência da Bolsa de Nova York, o indicador acumula queda de 22% neste ano.
A expectativa de elevação dos juros levava os títulos de referência do Tesouro dos Estados Unidos a alcançar o rendimento máximo em 14 anos, reportou a agência Reuters.
O pessimismo quanto à alta dos juros limitava o ânimo do mercado americano com os resultados apresentados na véspera por grandes bancos e, principalmente, pela Netflix. Liderando os ganhos entre as componentes do S&P 500, as ações da empresa disparavam 15,4%.
A gigante de streaming reverteu perdas de clientes e registrou 2,4 milhões de novos assinantes em todo o mundo no terceiro trimestre, mais que o dobro que o esperado por analistas.
Ainda sobre a economia americana, dados divulgados nesta quarta apontaram que construção de moradias nos Estados Unidos caiu mais do que o esperado em setembro, liderada por uma queda de 13,1% em projetos com várias unidades.
A política monetária agressiva do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) enfraqueceu significativamente o mercado imobiliário, com a maioria dos indicadores caindo para níveis vistos pela última vez durante a primeira onda da pandemia da Covid-19, em 2020.
Em contraste, outros setores da economia, como o mercado de trabalho, mostraram resiliência apesar das tentativas do banco central dos EUA de esfriar a demanda.
Desde março, o Fed elevou sua taxa de juros de quase zero para uma faixa de 3% a 3,25% ao ano, e a expectativa agora é de que ela termine o ano na faixa de 4%, com a inflação ainda a mostrar sinais de abrandamento.
Na terça-feira (18), o Ibovespa fechou em alta de 1,87%, aos 115.743 pontos. O indicador de referência da Bolsa de Valores brasileira retomou a casa do 115 mil pontos uma semana depois de ter perdido essa marca. No mercado de câmbio, o dólar comercial à vista recuou 0,90%, cotado a R$ 5,2530 na venda.
Investidores do mercado financeiro brasileiro acompanharam nesta terça o clima otimista no exterior provocado por balanços trimestrais de grandes bancos americanos, que vieram melhores do que o esperado.
Além do ambiente favorável no exterior, negócios locais também impulsionaram a Bolsa. O destaque foi a alta de 9,62% das ações da Natura, um dia após a companhia ter anunciado estudos para uma oferta inicial das ações de uma das empresas do grupo, a marca australiana de cosméticos de luxo Aesop. Na máxima do dia, os papéis subiram 18%.
A Natura ainda acumula queda de 44% em 2022, enquanto o resultado do Ibovespa neste ano é positivo em 10,42%.
Do lado negativo dos negócios, a Oi caiu ao menor preço da história. A ação ordinária fechou o dia valendo R$ 0,32.
A companhia, que já foi a maior empresa de telefonia do país, anunciou que irá agrupar suas ações ordinárias e preferenciais na proporção de 50 para 1.
Com isso, 50 ações ordinárias (OIBR3) e 50 ações preferenciais (OIBR4) serão transformadas em uma ação cada. Dessa forma, o capital social da Oi passará a ser dividido por cerca de 132 milhões de ações, e não mais 6,6 bilhões de ações.
Investidores domésticos também se concentraram em enxergar no exterior justificativas para suas decisões de negócios diante das incertezas no cenário interno com o acirramento da corrida eleitoral e de eventuais instabilidades que um resultado apertado nas urnas poderá provocar.
Em Nova York, o indicador parâmetro da Bolsa, o S&P 500, fechou com ganho de 1,14%. Os índices Dow Jones e Nasdaq avançaram 1,12% e 0,90%, respectivamente.
O bom humor retornou aos mercados globais após as fortes perdas da semana passada diante de dados pessimistas sobre a inflação nos Estados Unidos.
Também colaboraram com a melhora do ambiente de negócios nesta semana as declarações do novo ministro das Finanças do Reino Unido.
Jeremy Hunt descartou o plano econômico da primeira-ministra Liz Truss e reduziu o vasto subsídio de energia proposto por ela, lançando uma das maiores reviravoltas na política fiscal britânica de forma a conter uma dramática perda de confiança dos investidores.
Com Reuters.
(Clayton Castelani – Folhapress /Foto: Danilo Verpa/Folhapress)