Bolsa fecha em baixa seguindo a tendência de Nova York; dólar encerra o dia estável

Bolsa fecha em baixa seguindo a tendência de Nova York; dólar encerra o dia estável

A Bolsa fechou em queda nesta quinta-feira (9), seguindo a tendência dos mercados nos Estados Unidos, que pioraram na parte da tarde com a piora na percepção de risco para as empresas em ambiente de juros mais altos. O dólar fechou praticamente estável, depois de oscilar durante todo o dia.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,38%, a 105.071 pontos, devolvendo boa parte do avanço de 2,22% registrado nesta quarta-feira (8). O dólar comercial à vista fechou com baixa de 0,01%, a R$ 5,140.

No mercado de juros, as taxas continuaram a trajetória de queda observada nesta quarta, ainda com a perspectiva de que a Selic pode ter cortes antes do que se imaginava. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 recuam de 13,08% para 13,04% ao ano. Para janeiro de 2025, os juros caem de 12,40% para 12,23%. No vencimento em janeiro de 2027, a queda é de 12,79% para 12,56%.

Até o início da última hora de pregão, o Ibovespa vinha em baixa, mas em ritmo moderado. Mais perto do final da sessão, o desempenho começou a piorar, chegando mais próximo dos índices de Nova York.

Se nesta quarta-feira, as notícias de que o novo arcabouço fiscal seria anunciado ainda este mês geraram otimismo, nesta quinta o humor do mercado mudou.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), afirmou nesta quinta-feira (9) que a nova regra fiscal desenhada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é responsável, garante recursos para investimentos e vai agradar a todos, inclusive ao mercado.

“A proposta do novo arcabouço fiscal tem gerado preocupações no mercado devido às especulações sobre possíveis lacunas no texto, o que pode ampliar o sentimento de incerteza no mercado”, afirma Lucas Almeida, especialista em investimentos e sócio da AVG Capital.

Os analistas da Ativa Investimentos afirmam estar céticos sobre os benefícios práticos do novo arcabouço fiscal.

“O governo tem ressaltado frequentemente a busca por uma ‘regra flexível’, o que vai ao encontro com a necessidade instantânea do país. Sem contar que pouco se diz sobre mudança na trajetória de despesas, atrelando as melhores perspectivas fiscais sempre as receitas”, diz a Ativa em relatório.

A equipe da Mirae Asset levanta algumas possibilidades que vêm sendo comentadas para as novas regras fiscais. Mas afirma que o anúncio antes da reunião do Banco Central para definir os juros pode servir para jogar ainda mais responsabilidade sobre a autoridade monetária.

“Tudo dependerá, no entanto, sobre o que deve ser anunciado. Se agradar o BC, por tabela, deve agradar o mercado. Em contraponto, se agradar apenas os quadros do governo, os políticos do PT, pode recair sobre o mantra da ‘licença para gastar mais'”, diz a Mirae em relatório.

Mas no mercado de juros, a reação foi diferente. Isso porque os investidores já começam a projetar nos ativos um corte da Selic pelo BC antes do esperado.

Segundo informa a agência Bloomberg, uma diminuição de 0,25 ponto percentual na Selic em junho já foi completamente incorporada nos preços. Existe 50% de chance de que este corte comece ainda em maio.

O noticiário sobre empresas também movimentou a Bolsa nesta quinta. Destaque negativo para a Hapvida, com a ação ordinária fechando em baixa de 33,56%. A empresa anunciou na noite desta quarta-feira que pode aumentar seu capital com uma nova emissão de ações. Segundo levantamento do Trade Map, a companhia perdeu quase R$ 7 bilhões em valor de mercado nesta quinta.

“Se confirmado, avaliamos o potencial aumento de capital no preço recorde de baixa atual da ação, de R$ 2,90, como misto/neutro”, afirmaram analistas do Bradesco BBI em relatório a clientes nesta quinta-feira. O banco cortou o preço-alvo do papel de R$ 6 para R$ 4,50, com recomendação “neutra”.

“A atual posição de caixa da Hapvida parece apertada para enfrentar um cenário desafiador geral e, portanto, justifica um potencial colchão de caixa por meio de ações, dado o mercado de dívida restrito”, escreveram Marcio Osako e Caio Rocha.

Outra queda importante foi da ação ordinária da CSN, de 8%. O lucro líquido da siderúrgica caiu mais de 80% no quarto trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021.

Para Flávio Conde, a reação do mercado em relação aos números da CSN é exagerada. Ele cita que a maior parte dos indicadores ficou dentro do esperado.

“O fluxo de caixa no quarto trimestre de 2022 foi negativo, e o endividamento aumentou. Isso preocupa o mercado, principalmente porque temos um cenário de atividade econômica desacelerando”, afirma Conde.

Em Nova York, os índices de ações também firmaram movimento de queda mais acentuada pouco antes do fechamento. O movimento foi provocado principalmente pelo setor bancário, depois que o Silvergate Capital anunciou que deve fechar suas operações por conta das quedas recentes das criptomoedas.

“Há uma preocupação geral de que, com a taxa de juros maiores, haverá um problema para as empresas pagarem seus compromissos”, afirma Matt Maley, estrategista-chefe de mercados do Miller Tabak + Co. à Bloomberg.

O índice Dow Jones fechou em baixa de 1,66%. O S&P 500 recuou 1,85%. O Nasdaq fechou o dia com queda de 2,05%.

(Renato Carvalho – Folhapress /Foto: Pexels)

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