Bolsa fecha dia em alta, mas perde 3% na semana com mudança na expectativa sobre juros e crise bancária

Bolsa fecha dia em alta, mas perde 3% na semana com mudança na expectativa sobre juros e crise bancária

A Bolsa fechou em alta e o dólar em queda nesta sexta-feira (24). Os investidores fizeram ajustes de posição após o Ibovespa atingir sua pior marca desde julho nesta quinta-feira, movimento facilitado pelo IPCA-15 de março, que mostra tendência de desaceleração da inflação.

Na semana, a queda acumulada ultrapassou os 3%, com o comunicado mais duro que o esperado após a decisão do Banco Central de manter os juros em 13,75%, e os temores com a crise bancária internacional.
O Ibovespa fechou o dia em alta de 0,92%, a 98.829 pontos. O dólar comercial à vista terminou em queda de 0,73%, a R$ 5,249. Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 3,10%, e o dólar comercial caiu 0,30%.

O mercado de juros também reagiu ao IPCA-15 de março, com os investidores se ajustando depois da reação ao comunicado do Banco Central após a decisão de manter os juros básicos em 13,75%. Parte dos economistas interpretou que ao invés de cortar, o BC poderia elevar mais os juros. Com a inflação em desaceleração, esta percepção diminuiu nesta sexta.

Nos contratos com vencimento em janeiro de 2024, a taxa recuou de 13,18% do fechamento desta quinta-feira para 13,07%. Para janeiro de 2025, os juros caíram de 12,13% para 11,95%. No vencimento em janeiro de 2027, a taxa passava de 12,37% para 12,24%.

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,69% em março, sobre alta de 0,76% no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A alta do registrou desaceleração e o índice se aproxima dos 5% em 12 meses, mas a pressão exercida pela gasolina ainda compensa o aumento mais fraco dos preços de alimentos.

“Apesar de ter vindo ligeiramente acima do esperado, a composição do IPCA-15 mostrou um resultado mais favorável”, afirma João Savignon, diretor de Macroeconomia da Kínitro Capital.

Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da casa de análse Quantzed, quando se olha para os detalhes do IPCA-15 de março, o resultado é positivo. “A notícia mais relevante veio da desaceleração dos núcleos do índice. Isso é um ponto bem positivo e que faz o mercado reagir bem”.

“A inflação ainda está acima da meta, mas a desaceleração permite que o BC segure as taxas no atual patamar por um tempo, sem a necessidade de aumento. Isso aparece principalmente nas curvas de juros futuros, que tinham começado a refletir uma possível alta da Selic”, diz Dennis Esteves, sócio e especialista em renda variável na Blue3 Investimentos.

No exterior, a crise do sistema financeiro teve caminhos diferentes nos Estados Unidos e na Europa. Em Nova York, as ações fecharam em alta após declarações de reguladores e da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.

Eles admitem que alguns bancos enfrentam dificuldades neste momento, mas que o sistema financeiro como um todo está sólido. As declarações foram dadas após uma reunião extraordinária convocada por Yellen nesta sexta-feira.

As ações dos grandes bancos americanos fecharam em baixa, mas em menor intensidade que a registrada no começo do dia. Assim, os índices Dow Jones e S&P 500 encerraram o dia com altas de 0,51% e 0,46%, respectivamente. O Nasdaq subiu 0,31%.

Na Europa, o cenário foi diferente. A ação do Deutsche Bank caiu mais de 8% nesta sexta na Bolsa de Frankfurt. Foi a quarta queda seguida do papel, que já perdeu mais de 27% do valor em março. O custo dos seus CDS (uma forma de seguro para detentores de títulos) chegou à máxima em quatro anos.

“O Deutsche Bank tem se mantido no centro das atenções por um tempo, de maneira semelhante ao que ocorreu com o Credit Suisse”, disse Stuart Cole, economista-chefe da Equiti Capital.

O Deutsche Bank se recusou a comentar quando contatado pela Reuters.

Na Suíça, as autoridades e o UBS correm para concluir a aquisição do Credit Suisse em menos de um mês, segundo duas fontes com conhecimento dos planos.

Fontes diferentes disseram que o UBS prometeu pacotes de retenção para os executivos da área de gestão de patrimônio do Credit Suisse na Ásia, com o objetivo de evitar uma saída em massa de profissionais.

A Jefferies reduziu a recomendação para as ações do UBS de “compra” para “manutenção”, dizendo que a aquisição do Credit Suisse muda a tese de investimento, que se baseava em um perfil de risco mais baixo, crescimento orgânico e altos retornos de capital.

Líderes da União Europeia e o BCE (Banco Central Europeu) tentaram acalmar o mercado ao apresentar um discurso único em relação ao setor bancário nesta sexta-feira. As autoridades disseram que as instituições financeiras estão bem capitalizadas e com liquidez, graças às lições aprendidas após a crise do sistema financeiro em 2008.

As declarações foram dadas após o fechamento dos mercados na Europa. O índice Euro Stoxx 50 caiu 1,82%, o CAC 40 de Paris recuou 1,74%, e o DAX de Frankfurt caiu 1,66%. O FTSE 100, de Londres, recuou 1,26%.

(Luana Maria Benedito e Renato Carvalho – Folhapress /Foto: Pexels)

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