Bolsa e dólar sobem com expectativa sobre arcabouço fiscal e teto da dívida nos EUA
A Bolsa brasileira e o dólar tiveram alta nesta quinta-feira (18) em meio a otimismo sobre a tramitação do arcabouço fiscal no Congresso e as negociações sobre o teto da dívida nos Estados Unidos.
A moeda americana foi favorecida, ainda, por declarações de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) que reforçaram a possibilidade de um novo aumento dos juros nos EUA.
Com isso, o Ibovespa fechou com ganho de 0,59%, a 110.108 pontos. Foi a primeira vez desde fevereiro que o índice ultrapassou os 110 mil pontos numa sessão.
Já o dólar teve alta de 0,64%, a R$ 4,967.
A Bolsa brasileira começou o dia com baixas de empresas como Petrobras e Vale, que puxaram o índice para baixo no início da sessão. As duas companhias, porém, viraram ao longo do dia e fecharam com altas de 0,58% e 0,14%, respectivamente.
Apoiaram a Bolsa, ainda, ganhos da BRF (11,48%) e da Minerva (6,92%), beneficiadas pela queda dos preços do boi gordo, do milho e da soja no Brasil. Segundo o economista Alexsandro Nishimura, a recente valorização do dólar e a percepção de que os ativos estão baratos também contribuíram para a alta.
Beneficia o ambiente de negócios brasileiro, ainda, a expectativa de investidores sobre a aprovação do arcabouço fiscal no Congresso.
Na quarta, a Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para a nova regra fiscal, dando prioridade ao projeto. A previsão é que o texto seja apreciado na próxima semana.
O relator do arcabouço na Câmara, Cláudio Cajado, diminuiu a lista de despesas que são exceções à regra e a criação de gatilhos de ajuste caso as contas do governo venham abaixo do esperado -como proibição de concursos públicos ou reajuste para servidores.
A tramitação das novas regras fiscais no Congresso é acompanhada de perto por investidores, que esperam uma redução na percepção de risco no país com a aprovação do texto.
“A equipe econômica conseguiu preservar a espinha dorsal do texto, embora tenha feito concessões significativas. Apesar de o texto não ser considerado ideal em termos de austeridade fiscal, a sinalização de que esse imbróglio será resolvido deve impulsionar os ativos domésticos”, dizem analistas da Levante Investimentos.
Nesse cenário, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2024 tiveram leve queda, indo de 11,32% para 11,31%, enquanto os para 2025 caíram de 11,76% para 11,70%. No longo prazo, os contratos para 2026 foram de 11,27% para 11,21%.
Os índices americanos também ajudaram o Ibovespa a fechar no positivo.
Investidores dos Estados Unidos mostraram-se mais otimistas sobre o fechamento de um acordo para o aumento do teto da dívida do país, após o presidente Joe Biden ter se reunido com o líder republicano Kevin McCarthy, na quarta (17).
Em meio ao otimismo, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram alta de 0,34%, 0,94% e 1,51%, respectivamente.
O dólar seguiu os ganhos nos mercados americanos e fechou em alta nesta quinta. Além das negociações sobre o teto da dívida, especulações sobre a próxima decisão sobre juros do Fed também apoiaram a moeda americana.
Isso porque dados divulgados recentemente mostram resiliência da economia dos EUA, o que daria espaço para mais um aumento os juros no país.
Além disso, duas autoridades do banco central americano afirmaram nesta quinta que a inflação nos Estados Unidos não parece estar esfriando rápido o suficiente para permitir que o Fed faça uma pausa na alta de juros, como o mercado espera.
A inflação dos preços ao consumidor, por exemplo, caiu para um ritmo anual de 4,9% em abril, mas ainda está muito acima da meta de 2% do Fed. As contratações diminuíram, mas o desemprego em 3,4% é o menor desde 1969.
Quanto mais altos os juros nos EUA, mais atraente ficam os retornos oferecidos pelo dólar.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, teve alta de 0,65% nesta quinta, indicando melhora da performance da divisa americana.
(Marcelo Azevedo – Folhapress /Foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil)
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