Baterias serão a revolução no setor elétrico nos próximos 10 anos, aponta especialista

Por Bárbara Souza
Enquanto o mercado livre de energia e a expansão da solar fotovoltaica já são realidades no Brasil, o próximo grande salto tecnológico do setor elétrico está no armazenamento. “Eu acho que bateria para os próximos 10 anos vai ser a grande novidade do setor elétrico”, afirma Filipe Julio Cardoso, sócio da Eletrobidu.
Com a queda nos custos e leilões específicos para incentivar a tecnologia, os sistemas BES (Battery Energy Storage) devem transformar a forma como grandes empresas consomem energia. “O cara vai, em muitos momentos, em vez de ter uma estrutura diferente, colocar um BES. Ele liga a bateria e fica desconectado da rede nos horários onde a energia tem uma tarifa superior, consumindo apenas quando o preço é menor ou até devolvendo energia à rede em períodos de valorização”, explica.
O setor elétrico global investe US$ 262 bilhões em baterias em 2024, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Assim, o Brasil começa a trilhar o mesmo caminho.
A mudança é estratégica para indústrias que hoje enfrentam custos energéticos que chegam a 30% da produção em setores intensivos, como metalurgia e plásticos. Enquanto isso, a volatilidade das tarifas – seja pelas bandeiras tarifárias no mercado cativo ou pela oscilação do PLD no mercado livre – torna essencial alternativas que garantam previsibilidade.
Dados da BloombergNEF mostram que o Brasil já possui 1,3 GW em projetos de armazenamento em operação ou construção, com projeção de atingir 5 GW até 2030.
O avanço das baterias se soma a outras tendências, como a democratização do mercado livre – que estará aberto a consumidores residenciais até 2027 – e o crescimento da energia solar, que saltou de menos de 1% para mais de 10% da matriz brasileira em seis anos, segundo a Absolar. Mas, para Filipe, o armazenamento é o divisor de águas. “Se eu fosse colocar a grande novidade, seria sistemas de armazenamento. O Solar vem junto, mas olhando pra frente, o grande boom são as baterias”.
Globalmente, a aposta se confirma: a Agência Internacional de Energia (IEA) estima investimentos de US$ 262 bilhões em armazenamento só em 2024. No Brasil, onde a geração distribuída já é realidade, o próximo passo é garantir que a energia limpa e barata possa ser usada quando – e como – for mais estratégico para as empresas.
O que é sistema BES
BESS são sistemas nos quais as baterias, individualmente ou em conjunto, são usadas para armazenar a eletricidade produzida pelas usinas geradoras e disponibilizá-la quando necessário.
O que é PLD
O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) é o resultado de um cálculo que determina os valores de toda a energia elétrica que foi produzida, mas não foi contratada pelos agentes do mercado. Ele é um indicador crucial no mercado livre de energia elétrica no Brasil, utilizado para definir o valor de referência para transações no mercado de curto prazo.
O que é mercado livre
O mercado livre de energia elétrica permite que consumidores, principalmente empresas e grandes consumidores, negociem diretamente com geradoras ou comercializadoras, em vez de comprar energia das distribuidoras, como no mercado regulado.
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