Aula inaugural dos cursos de Jornalismo e Publicidade da UVA debate racismo e representatividade homenageando Glória Maria

Aula inaugural dos cursos de Jornalismo e Publicidade da UVA debate racismo e representatividade homenageando Glória Maria

Com o semestre de 2023.1 acontecendo a todo vapor, foi realizada nesta quarta-feira (22) a aula inaugural dos cursos de Jornalismo e Publicidade da UVA. O encontro no auditório da universidade na Tijuca reuniu corpo docente e discente, além de profissionais das duas áreas para debater o legado de Glória Maria para a Comunicação. No encontro, também foi possível refletir sobre os desafios enfrentados no combate ao racismo em redações e espaços de trabalho na publicidade.

Mediada pela ex-aluna de Jornalismo da UVA, Bárbara Souza, a palestra lotou o auditório e teve a presença de três profissionais negros que são referência no mercado da Comunicação: Érica Martins, publicitária e supervisora de mídia da Artplan; Marcelle Chagas, jornalista e coordenadora geral da Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação; e Marcio Ferreira, jornalista, pós-graduado em marketing e Mestre em Sociologia.

Auditória da UVA cheio durante a aula inaugural /Foto: Agência UVA

O evento começou com uma homenagem à jornalista Glória Maria, que faleceu em fevereiro passado, e ressaltou a importância da representatividade feminina e negra para as gerações mais jovens. A partir da fala da jornalista: “‘Tudo que eu quis fazer, eu fiz’ – o legado de Glória Maria para a Comunicação”, cada convidado refletiu sobre o exemplo de Glória, bem como sobre seus passos sendo um profissional negro ou negra.

“Glória foi um exemplo para todos nós. E será ainda para gerações futuras como a de vocês. Saber que ela chegou aonde quis nos dá força para trilhar nosso próprio caminho. Eu sou uma mulher preta inserida num contexto acadêmico e ainda sonho conquistar muitos espaços”, abriu Marcelle Chagas.
Márcio Ferreira foi categórico: “não querem que a gente, preto, pobre e periférico alcance certos lugares, mas estamos chegando e provando que podemos”.


Ações afirmativas nas empresas

A supervisora de mídia da Artplan, Érica Martins, ressalta que as empresas não fazem processos seletivos com vagas afirmativas porque elas são bondosas, mas porque urge a necessidade de entender o consumidor preto.

“As empresas perceberam que elas precisam de pessoas pretas no ambiente corporativo para se comunicar mais efetivamente com esse público-alvo”, afirma Érica. Portanto, as vagas de diversidade não são apenas uma cota, mas uma vantagem para o empresariado.

O jornalista e ex-professor da UVA, Marcio Ferreira, se considera um militante das causas sociais. Em sua perspectiva, “a subjetividade dificulta o combate ao racismo. A falta de representatividade de negros no ambiente de trabalho e na universidade também configura um preconceito.”. O jornalista reitera que ainda há muito para ser transformado.

“Tem que levantar a discussão contra o racismo toda a hora”, afirma Marcio.

A jornalista e pesquisadora Marcelle Chagas incentiva às pessoas a ousarem seguir seus sonhos e questiona: “Quem são as pessoas que estão criando a nossa imprensa hoje? Precisamos de mais negros não só nas equipes, mas nas chefias, no comando”, diz.

“O jornalismo não retrata o povo preto, porque ele está muito pouco inserido no mercado da Comunicação, mesmo que as pessoas negras sejam quase metade da população brasileira”, afirma.
“É preciso olhar para o jornalismo como um pilar essencial da sociedade, porque a informação possui um grande impacto na vida das pessoas”, disserta Marcelle Chagas.

(Reportagem de Larissa Martins, com edição de texto de Daniela Oliveira /Foto: Agência UVA)

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