Ataques digitais em alta: como as empresas podem se proteger com estratégias baseadas em dados
Por Bárbara Souza
O cenário da segurança digital no Brasil atingiu níveis alarmantes em 2024. Segundo dados da Fortinet, o país registrou um aumento de 62% nos ataques cibernéticos no primeiro semestre, com prejuízos que ultrapassaram R$ 80 bilhões. Além disso, o Relatório Global de Riscos Cibernéticos da Allianz realizado no último ano, aponta que 73% das empresas brasileiras sofreram pelo menos um ataque cibernético significativo no primeiro semestre de 2024.
Diante desse cenário de exposição digital e risco com relação a possíveis roubos de dados e ataques cibernéticos, especialistas alertam que a proteção contra ameaças digitais deixou de ser uma opção para se tornar uma necessidade crítica para empresas de todos os portes.
Uma das formas de proteger as empresas de ataques cibernéticos e proteger os dados, é usando uma da tendência do mercado atualmente: a inteligência artificial. A IA está revolucionando a segurança digital. De acordo com a IBM Security, empresas que implementaram soluções baseadas em machine learning reduziram em 65% o tempo de resposta a incidentes.
Thiago Bordini, diretor de Cibersegurança da Microsoft Brasil, destacou em entrevista à Revista Exame:
“Nossos clientes que usam o Azure Sentinel conseguiram bloquear mais de 4 milhões de tentativas de invasão em 2024. A IA identifica padrões que passariam despercebidos por sistemas tradicionais.”
Mas além dos números, o treinamento é a primeira linha de defesa. O Relatório Verizon 2024 revelou que 74% dos vazamentos de dados começaram com erros humanos, como cliques em links maliciosos.
Karina Menezes, especialista em segurança digital da USP, afirmou durante o CIAB Febraban 2024:
“Empresas que investem em treinamentos regulares reduzem em até 90% os incidentes de phishing. A conscientização é tão importante quanto qualquer firewall.”
Um caso real é de uma empresa de médio porte evitou um ataque de R$ 2 milhões após um funcionário identificar um e-mail suspeito, graças a um treinamento realizado semanas antes. O caso foi publicado na Harvard Business Review, em 2024.
Como evitar o pesadelo do Ransomware
Os ataques de ransomware cresceram 137% no Brasil em 2024 (Kaspersky Lab). A estratégia mais eficaz, segundo especialistas, é o modelo 3-2-1-1:
- 3 cópias dos dados críticos
- 2 mídias diferentes (ex: nuvem e HD externo)
- 1 cópia offline (protegida de ataques remotos)
- 1 cópia imutável (que não pode ser alterada ou apagada)
Ricardo José, CISO da Vivo, compartilhou no CIS Summit 2024:
“Depois de implementarmos backups imutáveis, reduzimos o tempo de recuperação de dias para menos de uma hora. Isso é crucial para minimizar prejuízos.”
De acordo com a Dell Technologies, empresas que seguem essa estratégia têm 99% menos probabilidade de pagar resgates.
O novo padrão em segurança corporativa
O princípio “nunca confie, sempre verifique” está se tornando essencial. Dados da Palo Alto Networks mostram que empresas que adotaram o Zero Trust reduziram violações em 68%.
Marcos Oliveira, diretor da Cisco Brasil, explicou ao Valor Econômico:
“Com autenticação multifatorial e microssegmentação, mesmo que um invasor ultrapasse as defesas iniciais, seu movimento dentro da rede fica extremamente limitado.”
Segundo o MIT Technology Review, empresas com planos de resposta bem estruturados perderam 54% menos dinheiro após ataques.
Cristine Hoepers, gerente do CERT.br, alertou recentemente:
“Testar planos de contingência com simulações realistas é fundamental. Empresas que negligenciam isso levam meses para se recuperar.”
Carlos Sérgio, presidente da Febraban, resumiu bem durante o Latin America Security Conference 2024:
“Em 2025, haverá dois tipos de empresas: as que se prepararam e as que foram vítimas. Não há meio-termo”, afirma Carlos.
Foto: Pexels
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