Tiros em desfile do 4 de Julho deixam ao menos 6 mortos nos EUA
Um atirador subiu em um telhado e apontou um rifle em direção a um desfile que comemorava o 4 de Julho, principal data nacional dos EUA, em Highland Park, nos arredores de Chicago. Segundo a polícia, ao menos seis pessoas foram mortas a tiros e outras 24 ficaram feridas pelos tiros.
Os disparos começaram cerca de dez minutos após o início da parada, por volta de 10h15 (12h15 em Brasília) desta segunda (4). O desfile foi feito na área central da cidade, perto da prefeitura e em avenidas com várias lojas. Ao ouvirem os tiros, as centenas de pessoas que participavam do evento saíram correndo. Muitas delas se abrigaram nos comércios próximos.
Amarani Garcia, que estava no desfile com sua filha pequena, contou à TV ABC ter ouvido som de tiros nas proximidades, depois uma pausa –que pode ter sido usada para o atirador recarregar a arma–, e depois mais tiros. Em seguida, ela viu pessoas gritando e correndo. “Eu estava muito apavorada, me escondi com minha filha em uma lojinha. Isso só me faz sentir que não estamos mais seguros.”
O atirador fugiu e está foragido. A polícia não divulgou seu nome, mas disse que ele é um jovem branco, com idade entre 18 e 20 anos. As autoridades informaram também que o rifle usado no ataque foi encontrado no telhado de um prédio comercial, de onde os disparos foram feitos.
Segundo Chris Covelli, porta-voz da polícia local, a motivação do ataque está sendo investigada. Em entrevista coletiva, ele pediu para que pessoas que tenham filmado o desfile enviem imagens para a polícia, para ajudar na investigação.
A cidade de Highland Park, tem 30 mil moradores, a maioria brancos e de alta renda, e fica a 40 km do centro de Chicago. Os festejos pela data foram cancelados, e a segurança em Chicago, reforçada.
“Em um dia em que nos reunimos para celebrar a comunidade e a liberdade, estamos lamentando a trágica perda de vidas e lutando contra o terror que nos foi trazido”, disse Nancy Rotering, prefeita de Highland Park, do Partido Democrata.
A cidade contabilizou 98 crimes violentos por 100 mil habitantes, menos de um quarto da taxa em todo o estado, segundo estatística do FBI de 2019, a mais recente disponível.
Em 4 de Julho, dia da Independência dos EUA, há muitos desfiles nas ruas do país, tanto em metrópoles quanto em cidades menores. As paradas geralmente alternam bandas militares, grupos musicais de escolas e associações comunitárias. A polícia local faz a segurança destes eventos, mas é comum que o acesso seja livre, sem a revista de quem se aproxima.
Em Washington, um desfile para celebrar a data foi realizado no National Mall no fim da manhã, sem incidentes. De noite, haverá uma queima de fogos na capital, que costuma atrair uma multidão aos arredores do memorial Lincoln. Haverá revista para quem ficar nas áreas mais próximas do disparo dos fogos, e grandes grupos devem se concentrar em outros pontos da cidade para ver o espetáculo.
O atentado deste feriado ocorre pouco mais de um mês após dois ataques a tiros chocarem o país. Em 24 de maio, um atirador matou 19 crianças e dois professores em Uvalde, no Texas. Poucos dias antes, um ataque tirou a vida de dez pessoas em um supermercado em Búfalo, no estado de Nova York. Esses dois ataques também foram cometidos por homens de 18 anos.
Os massacres colocam o acesso a armas mais uma vez em debate no país, a poucos meses das eleições legislativas, em novembro. Em resposta, foi aprovado um pacote federal de restrições no acesso às armas, com apoio bipartidário, sancionado pelo presidente Joe Biden na semana passada.
A nova lei prevê que a avaliação para compradores de armas com menos de 21 anos seja feita em até dez dias úteis, para que as autoridades tenham mais tempo de rever o histórico de infrações escolares e de saúde mental. O texto determina também a ampliação do poder de autoridades para confiscar armamentos de pessoas que estejam agindo de modo ameaçador e mais recursos federais a programas de saúde mental.
Ainda que considerada modesta por parte do Partido Democrata, a nova legislação é o maior avanço no controle de armas nos últimos 30 anos, quando foi adotada uma restrição ampla a armas de assalto, capazes de disparar mais tiros em menos tempo. A medida, no entanto, expirou em 2004 e não foi renovada. Políticos republicanos costumam defender o acesso às armas, por verem nelas um símbolo de liberdade, e barram restrições.
A Segunda Emenda da Constituição dos EUA garante o direito aos cidadãos terem armas de fogo. No fim de junho, a Suprema Corte decidiu que os estados não podem restringir o porte de armamentos em público, o que pode facilitar a ocorrência de novos ataques contra multidões.
(Folhapress /Foto: Thenews2/Folhapress)